sábado, 3 de fevereiro de 2018

Um soneto brejeiro de Correia Garção, pré-carnavalesco


O soneto de Correia Garção (1724-1772) vem transcrito por António Cirurgião, na publicação, de 1974, cuja imagem de capa surge acima. O soneto reza assim:

Hoje ao redor de mim Amor voava
Mil círculos fazendo pelos ares;
Das brancas azas, luzidos talares
O sonoro ruido me assustava.
     Aos hombros retinia a dura aljava,
     Cheia de settas d'ouro singulares;
     E co'as mãos poderosas, milhares
     Laranjas e canudos espalhava.
Espantado fiquei! o traidor rindo,
Da engelhada minhoca desembesta
Um diluvio de perolas sizudo:
     E as rubicundas nadegas abrindo,
     Uma bufa largou, dizendo: he esta
     A galhofa melhor do amante entrudo.

3 comentários: