É impossível, creio, para qualquer poeta, enquanto escreve um poema, aperceber-se com total acuidade de aquilo que está a acontecer, bem como definir, com segurança, o que é devido à actividade subconsciente, sobre a qual ele não tem qualquer controlo, e o que é produto do artifício (craft) da criação. Tudo o que se possa afirmar, com certeza, é sempre pouco rigoroso. Um poema não é criado, em si, apenas no espírito do poeta, tal como uma criança se desenvolve no útero materno; algum grau de participação consciente do poeta é necessário; alguns elementos de artifício (craft) estão sempre presentes. Por outro lado, a escrita de poesia não é, como a carpintaria, um simples ofício; um carpinteiro pode decidir construir uma mesa de acordo com determinadas características e sabe de antemão que o resultado será exactamente aquele que planeou; mas nenhum poeta consegue saber o que vai ser o poema, até acabar de o escrever.
W. H. Auden (1907-1973), in The Dyer's Hand (pg. 51).
W. H. Auden (1907-1973), in The Dyer's Hand (pg. 51).
Descobri recentemente Prynne, que desvela também ele caminhos com imenso interesse para este tema.
ResponderEliminarÉ um tema fascinante. T. S. Eliot tem também alguns textos pertinentes sobre o assunto.
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