domingo, 17 de dezembro de 2017

Do que fui lendo por aí... 16


É impossível, creio, para qualquer poeta, enquanto escreve um poema, aperceber-se com total acuidade de aquilo que está a acontecer, bem como definir, com segurança, o que é devido à actividade subconsciente, sobre a qual ele não tem qualquer controlo, e o que é produto do artifício (craft) da criação. Tudo o que se possa afirmar, com certeza, é sempre pouco rigoroso. Um poema não é criado, em si, apenas no espírito do poeta, tal como uma criança se desenvolve no útero materno; algum grau de participação consciente do poeta é necessário; alguns elementos de artifício (craft) estão sempre presentes. Por outro lado, a escrita de poesia não é, como a carpintaria, um simples ofício; um carpinteiro pode decidir construir uma mesa de acordo com determinadas características e sabe de antemão que o resultado será exactamente aquele que planeou; mas nenhum poeta consegue saber o que vai ser o poema, até acabar de o escrever.

W. H. Auden (1907-1973), in The Dyer's Hand (pg. 51).

2 comentários:

  1. Descobri recentemente Prynne, que desvela também ele caminhos com imenso interesse para este tema.

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    1. É um tema fascinante. T. S. Eliot tem também alguns textos pertinentes sobre o assunto.

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