quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Do que fui lendo por aí... (4)


...que as leis erão teias de aranha em que se prendião moscas, e nunca ficavão aves, porque estas rompem a rede, para ellas fracas, e aquellas que por fracas não rompem, ficão. (pg. 52)

...; os testamentos servem para declarar a ultima vontade, mas sempre esta fica duvidosa, quando os testamentos se fazem no ultimo da vida, porque então as afflições do animo não deixão livre o discurso da rezão, e mais pode o querer de quem persuade, que o de quem testa, porque este obedece e aquelle ordena; que na morte, obra mais a obediencia, que o imperio. (pg. 60)

Fr. Alexandre da Paixão, in Monstruosidades do Tempo e da Fortuna.

7 comentários:

  1. ... é tão bom ler a nosso língua sem o abastardamento do acordo ortográfico de 1990!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Não esquecendo os intermédios republicano de 1911 e estadonovista de 1945 (1943?)...

      Eliminar
  2. Respostas
    1. Disse bem. Muito embora o estilo lembre António Vieira.

      Eliminar
  3. Esta ortografia é anterior a qualquer acordo ortográfico. A primeira vez em que se tentou criar regras de ortografia foi com o AO de 1911. Antes, basta ler os jornais para ver que havia várias ortografias para a mesma palavra, algumas escritas como atualmente.

    Mas eu vinha aqui dizer que não conhecia este Fr. Alexandre da Paixão e que gostei da amostra.

    Boa noite!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Este era um livro que eu cobiçava há muito, por raro e caro. Mas a oportunidade chegou e a leitura está a dar-me um grande prazer.
      Bom dia!

      Eliminar
    2. Eu também não conhecia o Irmão da Paixão, e não me entusiasmou. Mas o que queria dizer é que a minha observação sobre a ortografia era irónica, apontando aos patriotas da norma de 1945, ultrajados pelo acordo de 1990. De acordo, apenas em 1911 se tentou, através da Reforma, normalizar a ortografia da língua portuguesa.

      Eliminar