domingo, 5 de fevereiro de 2012

A Voz passiva


Três andamentos,  sem conclusão:
1. Creio não andar longe da realidade se disser que, de uma forma geral, os portugueses lidam  e convivem mal com o silêncio, quando estão em grupo mas, por outro lado, evitam tomar partido em público ou afirmarem-se em definitivo, perante questões importantes. Timidez, receio ou talvez o reverso de um espelho daquilo que é conhecido pelos "brandos costumes" ou o que eu apelido de: nadar em águas mansas.
2. Hoje, em grupo alargado que eu integrava, houve pouco silêncio e a conversa, entre os presentes, foi extremamente estimulante. Porém, a dada altura, alguém com quem me identificava, em grande parte das perspectivas abordadas e até na idade, afirmou que nunca tinha votado. Fiquei perplexo. Mas depois lembrei-me que também fiquei chocado quando ouvi, em entrevista, George  Steiner dizer o mesmo.
3. Das inúmeras visitas a este Blogue, apenas cerca de 3% se pronunciam, apoiando, contra-argumentando ou sublinhando presença. E nesta percentagem incluo os que, não deixando rasto no blogue (senão o local donde vieram e o poste que consultaram - indirectamente, aliás), o fazem apenas por email e/ou telefonema posterior. As 97% das visitas restantes entram mudas e saem caladas. Voz passiva.

2 comentários:

  1. Nem sempre os olhos têm boca
    nem sempre a boca tem voz.
    Se acaso falassem todos
    o que seria de nós ...

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  2. Está bem observado, sim senhor, e em parte até concordo.
    Muito embora quando entro na "casa dos outros", eu tenha por costume fazer uma saudação, para marcar presença.

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