quinta-feira, 23 de março de 2023

Curiosidades 97



A obra de Gilberto Freyre Casa Grande e Senzala é uma fonte que parece quase inesgotável sobre a etnografia brasileira, sobretudo do passado. Crendices e costumes atávicos abundam nesta recolha, tal como aqui deixamos um testemunho pitoresco e parcelar:

"... Mas o grosso das crenças e práticas da magia sexual que se desenvolveram no Brasil foram coloridas pelo intenso misticismo do negro; algumas trazidas por ele de África, outras africanas apenas na técnica, servindo-se de bichos e ervas indígenas. Nenhuma mais característica que a feitiçaria do sapo para apressar a realização de casamentos demorados. O sapo tornou-se também na magia sexual afro-brasileira, o protector da mulher infiel que, para enganar o marido, basta tomar uma agulha enfiada em retrós verde, fazer com ela uma cruz no rosto do indivíduo adormecido e coser depois os olhos do sapo. Por outro lado, para conservar o amante sob o seu jugo precisa apenas a mulher de viver com um sapo debaixo da cama, dentro de uma panela. Neste caso, um sapo vivo e alimentado a leite de vaca. ..."

Gilberto Freyre (1900-1987), in Casa Grande e Senzala (pg. 314).

4 comentários: