domingo, 12 de novembro de 2017

Iconografia moderna e laica (26)


"E disse (Jesus) aos que vendiam pombas: «Tirai isso daqui!
 Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio.»"

João, 2, 13-25






Comentário pessoal: para lá da histeria desmedida, originada, sobretudo, em algumas redes sociais infantis e nalguns blogues mais desmiolados de virgens ofendidas, creio que valerá a pena ver este episódio com alguma frieza e aduzir as razões a montante que o permitiram: o despacho do Secretário de Estado da Cultura (Barreto Xavier) - numa altura em que o anterior Governo queria pôr tudo em patacos; a jusante, a figura eminente e insensata da Administração Pública que autorizou o ágape, no local. E talvez seja útil lembrar que o uso do Panteão Nacional, não foi inédito, para este fim. Ainda há cerca de um mês (16 de Outubro de 2017) a NAV (Navegação Aérea de Portugal) usou o espaço para os mesmos efeitos de restauração...
Por que razão essas virgens ofendidas do costume, nessa altura, não se teriam queixado e escandalizado?

8 comentários:

  1. "Por que razão essas virgens ofendidas do costume, nessa altura, não se teriam queixado e escandalizado?"
    Porque não se falou de tal nas "famosas" redes sociais, mas do WebS... sim, porque as redes de notícias e as sociais enjoaram-nos de tanta informação sobre! E fala-se sempre (aliás grita-se) porque se pode vir a ser falado (os tais 5mn de fama)!
    Boa tarde

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    1. Por entre os desmiolados papagaios humanos e o "andar nas bocas do mundo" (os tais 5 mns. de fama que a Paula refere), anda por aqui, sobretudo, muita hipocrisia.
      Rui Tavares traz hoje no jornal Público uma crónica pertinente e oportuna sobre o caso que eu subscrevo por inteiro.
      Boa tarde, também!

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  2. Eu concordo completamente consigo. Se é para permitir e foi permitido, se era para se protestar, não era agora. E isto digo eu que não liguei nada ao WebS. Para além de que ainda não entendi se o problema é: ser o panteão, por razões simbólicas ou se é por causa dos mortos em geral; se o problema é ter sido o WebS ou se teria sido assim para outro evento. Depois questiono-me quanta gente se queixa e nunca lá pôs os pés. E pergunto-me se uma utilização assim (caso não seja abusiva) não é melhor que deixar o património ao abandono ou à beira da ruína. Parece-me muito barulho por nada e só se justificava se tivesse sido ilegal ou se tivessem danificado alguma coisa. Espero não levantar polémicas, contudo :-) Boa tarde!

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    1. Antes de mais, eu creio que a WebS criou muitos anti-corpos, polémica até pelas presenças institucionais que lá foram e até discursaram. E foi muito falada e noticiada, o que é um bom fermento para estas "cabecitas loucas" meterem o bedelho, para aproveitar a onda de ficar na fotografia.
      Na impossibilidade de pensarem noutras frequências, esta gentinha gagueja sempre os mesmos assuntos de moda, na forma mais rasteira e hipócrita.
      Concordo consigo: muita desta gente nunca pôs os pés no Panteão.
      Uma boa noite, que a luz natural já se foi!..:-)

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  3. Em verdade, o tal Barreto limitou-se a estabelecer preços e condições. Porque jantares e festanças, públicas e privadas, em monumentos, sempre houve. No Panteão entram turistas em barda, apresentam-se livros do Harry Potter com adolescentes aos gritinhos e até lá meteram um futebolista, que, destas coisas todas, é a única que não acho aceitável.

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    1. Pois, o Potter compaginava-se muito bem, muito embora a Capela dos Ossos, em Évora, tivesse mais pátina, quanto a mim. Ou a Cadeia da Relação, aí no Porto, cidade onde a sra. Rowling viveu uns anos.
      E gostava de estar cá para ver a ocupação dos reservados: o do prolífico Ronaldo e a cripta destinada ao bem sucedido engenheiro F. Santos. Que o futebol nacional tudo merece!

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  4. O Panteão Nacional é um espaço laico. No átrio, local onde foi realizado o jantar, que pelos vistos não foi o primeiro, não está nenhum túmulo, estão cenotáfios.
    E em relação ao Eusébio acho muito bem que esteja no Panteão.
    Bom dia!

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    1. Eu penso que tudo passa pelo sentido crítico de cada povo e pela avaliação de qualidades que um país quer privilegiar nos seus maiores.
      Não consigo imaginar, por exemplo, que no futuro os franceses venham a querer inumar o Zinédine Zidane no mesmo local onde está o cenotáfio de Jean Moulin. E George Best foi simplesmente sepultado em Dublim, junto da mãe. Do ponto de vista dos ingleses, ele não mereceria mais.
      Bom dia!

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