quinta-feira, 25 de maio de 2017

Pequena história (46)


O Festival de Cinema de Cannes celebra este ano a sua edição 70. Por isso, L'Obs (nº 2740) dedicou ao acontecimento seis páginas, com depoimentos de vários cineastas que ganharam a Palma de Ouro. Lembra também, a revista francesa, alguns dos realizadores agraciados, como por exemplo: Emir Kusturica (Underground), Quentin Tarantino (Pulp Fiction), Martin Scorcese (Taxi Driver). O cineasta francês Claude Lelouch (1937) foi também premiado com a Palma de Ouro, em 1966, pelo seu filme Un homme et une femme, partilhando o galardão com o italiano Pietro Germi (1914-1974).
O realizador francês, no seu depoimento a L'Obs, refere que François Truffaut o felicitou efusivamente, na altura, dizendo-lhe também: Vous êtes l'enfant de la Nouvelle Vague qui a le mieux grandi, j'aimerais qu'on fasse un numero spécial sur vous dans les "Cahiers du cinema". Mas Lelouch não gostou de se ver perfilhado e retorquiu-lhe: Je suis ravi, mais je ne suis pas un enfant de la Nouvelle Vague. Ao que Truffaut lhe respondeu, algo irritado: Vous avez la grosse tête. Uma semana depois, o crítico Jean-Louis Comolli, em artigo nos Cahiers du Cinema, arrasava o filme de Claude Lelouch, pela negativa...

8 comentários:

  1. Claude Lelouch está entre os meus favoritos! Mas tal como noutras áreas, os amores e ódios são levados ao extremo! (não havendo nunca necessidade de tal!)
    Bom dia!

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    1. A certa medida é sábia, mas, por vezes, difícil de aplicar..:-)
      Um bom dia, também!

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  2. Coisas!...
    Eu gostei do filme e da música, mas Claude Lelouch hoje renega-o. Nem o deixa editar em DVD.
    Bom dia!

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    1. Aceito que, às vezes, não nos revemos em coisas da juventude...
      Bom dia!

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  3. Pequeno post com tanta informação! Aqui os "Cahiers" soaram 'estalinistas' kkkk ...

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    1. Obrigado.
      Talvez tenha razão, mas era um marxismo relativamente "soft"..:-)

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  4. Eram os anos de ouro dos Cahiers e Lelouch nunca simpatizou com aqueles senhores que por lá escreviam. Confesso que sou fan do Truffaut, tanto como cineasta como crítico, mas o radicalismo de François Truffaut era célebre, mesmo sendo um homem politicamente de direita, andou a vender um jornal de extrema esquerda que fora proibido e regressando aos Cahiers nunca é demais recordar que na sua luta com a revista Positif declararam "Abaixo Ford Viva Wyler". Mas nessa época havia cinema, cineastas e autores, hoje temos o deserto como horizonte.
    Os melhores cumprimentos.

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    1. Sem dúvida, eram a Bíblia ou a "Pleiade" canónica do cinema de qualidade. Com o tempo, não há dúvida, que Truffaut tem por si uma obra muito mais sólida e perdurável que Lelouch.
      E, hoje, como refere certeiramente é o "deserto" que a gente sabe...
      Saudações cordiais!

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