domingo, 8 de julho de 2018

Morte assistida


Nunca morri de amores pelo DN. Acomodatício aos regimes e conservador com o poder, teve, no entanto, alguns bons jornalistas. E, nos anos 60, a sua página literária semanal dirigida por Natércia Freire, revelava alguma qualidade, apesar de muito encostada à Direita e às academias dominantes...
Mas não foi sem alguma melancolia que tive notícia da sua desaparição como diário, para surgir apenas semanalmente, ao Domingo. Pacheco Pereira prognosticou-lhe a morte anunciada, com uma prévia e prolongada agonia - previsão que subscrevo também, pelos indícios.
Resolvi, no entanto, dar uma última oportunidade ao velho(-novo) DN, e hoje comprei-o na banca. O jornal é enorme e incómodo de ler, pelo tamanho. Custa 3 euros e traz uma revista (Evasões), mas muito fracotinha. Vários colaboradores e cronistas, de que se aproveitam, na minha modesta opinião, apenas os artigos de Ferreira Fernandes, Soromenho Marques e Fernanda Câncio. E uma entrevista a José Gil, interessante. O resto, é banalérrimo.
De surpresa, apenas a reprodução, em separado, de um cartoon de Stuart Carvalhais, que aproveitei para imagem deste poste. Mas, como era também gigantesco, usei apenas cerca de 1/3 dele...

4 comentários:

  1. Apesar de estar constipado, pedi à senhora aqui de casa que, na passagem pela farmácia, me trouxesse o Diário de Notícias, porque as expectativas eram muitas, porém, como muito bem diz, o formato é impróprio para consumo (e já lavei as mãos duas vezes), depois não basta encher o jornal de artigos de opinião, idênticos aos que se encontram nos blogues, muitas vezes bem melhores. Sempre pensei que fizessem algo diferente, há sempre o Le Monde para aprenderem alguma coisa ou fazerem como o Semanário Expresso que, ao criar a nova revista, copiou o grafismo do magazine do célebre jornal francês, magazine esse que só se vende na França continental, ou seja não sai do hexágono :-) e assim fica no segredo dos deuses.
    A última aventura de recuperar um título de que gostei muito foi o regresso do Diário de Lisboa, publicado de segunda a sexta, mas infelizmente os leitores não corresponderam.
    Leitor de jornais e revistas no século XX, encontro mais afinidades nos blogues que sigo do que em muita da imprensa que por aí anda.
    Um bom domingo!

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    1. Pois, o DL foi o meu primeiro grande amor, e ainda por lá andei em colaborações juvenis, em finais dos anos 60. Para a altura, creio, era um jornal sério e bem feito. Honrava o Bairro Alto...
      Hoje, os "media" nacionais tentam agradar a toda a gente, que é a melhor maneira de não ter personalidade nem feitio. O resultado é o que se vê. O DN até tem uma espécie de arremedo do Parlamento, com artigos - 4 - de deputados dos grupos parlamentares. Só faltaram Os Verdes e o PAN, para dar colorido à tourada...
      Melhoras para a sua constipação.
      Bom Domingo, também.

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  2. Na semana passada comprei-o, mas ontem esqueci-me. Também não me parece que o jornal não vai ter uma uma vida longa. Acho que tem colaborações a mais. Não conseguimos ler tanto artigo e tanta crónica.
    Sempre fui uma grande leitora de jornais, mas agora...
    Boa semana!

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    1. Tem razão: grande quantidade, escassa qualidade - "a montanha pariu um rato". E o "Público" é quase a mesma coisa...
      Boa semana, também.

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