quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Retro (110)



A revista de cultura Ocidente contava com conhecidos colaboradores, quase todos afectos ao regime estadonovista, e tinha como director Manuel Múrias. No seu número 3, de Julho de 1938, incluía um curioso anúncio de publicidade (em imagem acima) aos artigos de beleza da marca Raínha da Hungria, que pertenciam à Academia Científica de Beleza lisboeta, da Madame Campos.
Ainda conheci alguns destes produtos, modestos e nacionais, das embalagens que havia lá por casa...

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Banca e bancos nacionais



Ao longo da minha vida trabalhei já com 6 instituições bancárias diferentes. Isso permite-me não ter grandes ilusões e chegar a algumas conclusões básicas, realistas e objectivas, que passo a expor:
1. A Banca, de uma forma geral, tem vindo a piorar a gama de serviços prestados aos clientes.
2. De um ponto de vista abstracto e burocrático, funciona mal e de forma prepotente e arrogante.
3. Os bancos não diferem muito uns dos outros, na sua mediocridade funcional, perderam a eficácia antiga (se alguma vez a tiveram...) e a única diferença (rara), ou excepção, são alguns funcionários (poucos) mais expeditos, simpáticos e capazes.

Passemos ao presente. Neste mês de Dezembro, e no pequeno espaço de dez dias, as caixas Multibanco engoliram-me dois cartões. Uma, do Santander, na rua Laura Alves (Avenidas Novas) e outra, do Millenium BCP, na região outrabandista. Nos dois casos por avaria da máquina e não por erro meu. O que dá para concluir que estes bancos não cuidam nem zelam pela manutenção e segurança dos seus equipamentos, como deveria ser.  A lei do menor esforço e a incúria profissional imperam...
Para cúmulo, a CGD cobrou-me, oportunística e abusivamente, 20 euros para a emissão do 3º cartão Multibanco. Reclamei e estou à espera da decisão, a ver se sou ressarcido da importância, do recurso superior do banco de Estado.

Impromptu 59

Uma fotografia, de vez em quando... (153)



Fotógrafo freelancer, a obra do inglês Paul Hill (1941) tem aparecido em The Guardian, The Observer e outras publicações britânicas. Exerceu também docência em várias instituições de ensino superior. E é notória a sua ancoragem ao mundo real em tudo aquilo que regista.





Em 2016, foi homenageado com a atribuição prestigiada do prémio Royal Photography Society´s Education Award.


segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Do que fui lendo por aí... 47



Para ser verdadeiramente rigoroso, eu deveria ter escrito no título do poste: Do que fui relendo por aí...
Estas monografias que têm, por trás, um trabalho insano de investigação, lêem-se com imenso agrado, por amor à terra e, provavelmente, terá sido pelo mesmo sentimento acendrado que foram feitas. Inicialmente publicadas no Boletim dos Trabalhos Históricos e, depois, em separatas individuais, vieram a ser editadas em 2 grandes e belos volumes, por Maria Adelaide Pereira de Moraes (1930), com o patrocínio da Câmara de Guimarães, em 2001. Por lá se vão desfiando as gestas dos Margarides, dos Costeados, das gentes da Casa de Sezim (que Fonseca e Costa usou para cenário de um dos seus filmes), dos Amarais da Casa da Aveleira...
São estes dois volumes que eu estou a reler, para matar saudades da terra, como diria Gaspar Frutuoso.



Citações CDLXXII



A minha missão é matar o tempo e a dele matar-me, por sua vez. De facto, estamos ambos  à vontade, por entre assassinos.

E. M. Cioran (1911-1995), in Écartèlement (Gallimard, 1979).
 

domingo, 26 de dezembro de 2021

arte menor (34)

Vestígios

Seremos também um dia
as aves de arribação que vieram
e partiram, desaparecidas
no tempo. A ficção remanescente
de uma vida.


Sb., 26/12/2021 

sábado, 25 de dezembro de 2021

Para MR, especialmente, e em troca...



...do Vesúvio 2012, mas também para os nossos amigos francófonos, este cheirinho de Paris, na voz do saudoso Charles Aznavour.

Produtos Nacionais 27




Ontem, o "campo de batalha", no tocante a doçarias natalícias, e antes da funçanata, apresentava-se assim distribuido, a contento dos participantes na refrega.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Gustav Holst (1874-1934): In the Bleak Midwinter

O direito à diferença...



Não há nada como as instituições programarem desde cedo as gerações, formatando-as de forma a que não provoquem, no futuro, alterações ao status quo. A clonagem à estupidez natural é, assim, uma garantia de estabilidade para os poderes institucionais invisíveis se perpetuarem no tempo... 


Nota: o título é da contracapa do jornal Público de hoje.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Osmose 123


Por esta altura do ano, é quase impossível que o passado não venha à tona. Cheiros e sabores antigos, fiapos de frases que nos marcaram, imagens delidas, mornos sentimentos que se vão apagando, dos que desapareceram ou nos deixaram. Mas também daqueles que nós fomos deixando gradualmente, por " mesquinha inabilidade em atravessar a rua" (como Virginia Woolf disse, para sempre e bem).
Por um acaso feliz, nos últimos dias, estive a rever, por motivos particulares, dezenas (centenas?) de fotografias da minha vida, desde os anos 80. E, inesperadamente, o puzzle quase se encheu de felicidade irreal, como um sonho aberto de futuro tranquilo.
Assim seja.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Votos amigos de boas-festas

 


A quem por aqui passar, votos de um bom Natal de 2021 e de um melhor Ano Novo de 2022, com saúde!

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Curiosidades 90



Dos cefalópodes, dizem os dicionários simplórios que têm os pés na cabeça. Será, mas para os humanos seria uma aflição até que se habituassem, a andar a pensar por baixo... 
Ao que parece, essa classe dos mares tem vida curta: as lulas chegam aos dois anos de vida e morrem pouco depois de procriarem. Quanto aos polvos, podem chegar aos 3 anos.
Li há dias num Le Monde (3/12/21) que estes últimos cefalópodes estão a aumentar nas costas setentrionais francesas em prejuízo da Córsega, de Espanha, Itália e de Portugal.
Talvez por isso, o polvo, recentemente se vendia a 12 euros o quilo no Mercado da Trafaria, enquanto o jornal francês informava que em França, no mês de Julho passado, oscilava entre os 7 e os 8 euros.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Revivalismo Ligeiro CCC

Antologia 7



Este conjunto de pequenos textos que constituem um pequeno livro de cerca de 100 páginas foi escrito, sobre Londres, em 1931, por Virginia Woolf (1882-1941), mas uma boa parte dos seus breves capítulos não terá uma idade escrita muito marcante e definida, antes parece ser intemporal. Seleccionei deles duas pequenas passagens (em tradução de José M. Silva), que se seguem:

À medida que subimos o rio em direcção a Londres, vamo-nos cruzando com os detritos que descem da cidade. Barcaças repletas de baldes velhos, lâminas de barbear, restos de peixe, cinzas e jornais - tudo aquilo, enfim, que deixamos na berma do prato ou atiramos para o lixo - despejam as suas cargas neste local, o mais desolado que existe à face da terra. Dessas grandes lixeiras, que servem de abrigo a inumeráveis ratazanas e onde crescem umas ervas grosseiras, repulsivas, elevam-se colunas de fumo, desde há cinquenta anos. O ar é áspero, acidulado. (pg. 23)

O comércio é engenhoso e infatigável, para além dos limites da imaginação. De todos os variadíssimos da terra, incluindo os seus desperdícios, não há nenhum que não tenha sido testado e para o qual não se tenha procurado alguma utilidade. Os fardos de lã que estão a ser retirados do porão de um navio australiano vêm atados, para poupar espaço, com fitas de ferro; mas essas fitas não são deitadas fora, são enviadas para a Alemanha e transformadas em máquinas de barbear. A lã liberta uma espécie de gordura. Esta gordura, que estraga os cobertores, é utilizada, depois de extraída, para fabricar cremes faciais. (pg. 27)

Virginia Woolf, in Londres (Relógio d'Água, 2005).

agradecimentos a H. N., pelo empréstimo.

domingo, 19 de dezembro de 2021

De Pequenino se torce o Pepino

 


Da Gutenberg-Gesellschaft [Sociedade de Gutenberg] recebi a sugestão reproduzida acima. Gostei deste incentivo para o conhecimento da antiga feitura do livro. Da composição, impressão e encadernação, cá temos todo o saber em ponto pequeno.

"Zum Wohle der Kunst" - [A bem da Arte], como se dizia antigamente !

Post de HMJ

sábado, 18 de dezembro de 2021

Uma ilustração condigna

Não será muito conhecida uma carta de 14 de Dezembro de 1880, algo polémica, de Eça de Queiroz (1845-1900) para Pinheiro Chagas (1842-1895), que veio depois a ser incluída em Notas Contemporâneas (1909, póstumo), e em que se faz referência ao Bei de Tunes (na altura, Alexandre Prómio de seu nome), nestes termos bem humorados:
"...Ah, caro Chagas, é daí que véem as cans precoces. Sabe você o que eu fiz numa dessas agonias, sentindo o moço da tipografia a tossir na escada, e não podendo arrancar uma só idêa útil do cránio, do peito ou do ventre? Agarrei ferozmente da pena e dei, meio louco, uma tunda desesperado no Bei de Túnis...
No bei de Túnis? Sim, meu caro Chagas, nesse venerável chefe de Estado, que eu nunca vira, que nunca me fizera mal algum, e que creio mesmo a esse tempo tinha morrido. Não me importei. Em Túnis há sempre um Bei; arrasei-o. ..."


Efectivamente, Alexandre Prómio estava vivo. E até aparece neste pequeno documentário que encontrei no Catálogo Lumiére, registado em 1903, que aqui fica, a ilustrar as anteriores palavras de Eça.

Citações CDLXXI




Os pensamentos são os materiais de uma obra; o estilo é a sua arquitectura.
...

O estudo é o alimento dos moços, e a consolação dos velhos.


José J. R. de Bastos (1777-1854), in Collecção de Pensamentos... (pgs. 193 e 195).

sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Adagiário CCCXXX



Aí vão 4 provérbios gauleses, na língua original: 

1. L'argent est un bon serviteur et un mauvais maître.
2. Les grandes douleurs sont muettes.
3. Les loups ne se mangent entre eux.
4. Ventre affamé n'a point d'oreilles.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Últimas aquisições (35)



O tempo tem ajudado e anteontem vimos o Jardim do Príncipe Real com as bancas de livros usados montadas. Ontem, foi na rua Anchieta que os alfarrabistas habituais dispuseram a sua mercadoria, e que provavelmente lá vai ficar até ao fim-de-semana, para as vendas natalícias.
Aviei-me com dois livros, um do poeta inglês Ted Hughes (1930-1998), o outro do ensaísta alemão Walter Benjamin (1892-1940). A ver vamos o que valem e se valeu a pena...

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Mais uma façanha na justiça à portuguesa

 


Palavras para quê? São artistas portugueses, no seu melhor...

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Pinacoteca Pessoal 179


Há frases, livros, filmes que nos marcam na juventude e, ao primeiro encontro, nos ligam a um nome ou autor, nos verdes anos. São paixões fatais, embora eu não goste de abusar deste substantivo nem do adjectivo referidos atrás. O uso reiterado destes exageros mal medidos de sentimentos incontinentes só acaba por banalizar e desvalorizar o que deveria ser usado com respeito e parcimónia, para ganhar solidez e credibilidade humana... Isto para dizer que terá sido com 14 anos que dei, no Petit Larousse, com o primeiro quadro do pintor inglês Thomas Gainsborough (1727-1788) que retratava o casal Andrews, em fundo paisagístico, pintura que se guarda no Louvre. Não mais o esqueci.


Nascido na Grã-Bretanha, Gainsborough veio a estudar em França e até Van Gogh o refere, de forma entusiástica, nas suas cartas ao irmão Theo. Acima pode ver-se a tela retratando a família Baillie. Considerado como um paisagista de eleição, os seus quadros eram muito apreciados pela nobreza e pela burguesia. Retratista notável, não quero deixar de destacar o seu retrato do célebre actor David Garrick (1717-1779) ou o da senhora Lowndes-Stone, quadro que pertence ao acervo do Museu Calouste Gulbenkian.




sábado, 11 de dezembro de 2021

Provincianismos



Um folheto publicitário de uma conhecida cadeia de grandes superfícies, chegado à minha caixa de correio, no meio das inúmeras promoções de Natal em que constavam 9 whiskies, anunciava apenas uma banal e média aguardente velha, e mais um pindérico brandy nacional.
O novo-riquismo português, em matéria de destilados, campeia desde há muito, com o deslumbramento pacóvio ante o estrangeiro. Embora algumas das nossas aguardentes velhas (Adega Velha, Ferreirinha...) possam ombrear, tranquilamente, com os melhores conhaques franceses.
Para não falar da banalidade flagrante de uma grande maioria de whiskies que por cá aparecem... Mas, como quase tudo aquilo que vem de fora, tem a reverência palerma e acrítica do zé povinho nacional. Não há nada a fazer, vem de há séculos atrás. Nesse aspecto, somos extremamente conservadores.  

sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Um balanço pessimista



Camilo (1825-1890), em carta para Trindade Coelho, resume a sua obra nestes termos negativos: "Tudo quanto fiz cifra-se numa grande alcofa de brochuras inúteis, das quais apenas se colhe uma lição: - é que esse acervo de livros representa uma independência modesta em uma aldeia barata."

Andrée Crabbé Rocha, in A Epistolografia em Portugal (Almedina, 1965).

quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Robert Herrick (1591-1674)



Dreams

Por aqui vamos ficando durante o dia; à noite somos
sugados pelos sonhos, cada um para o seu mundo.


quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

No melhor pano cai a nódoa...



Iniciando-se na Portugália, em 1963, nas artes do seu ofício, o editor José da Cruz Santos (1937?) habituou-nos na Inova e n'O Ouro do Dia a trabalhos de rigor e de bom gosto estético em tudo aquilo que foi publicando. Mas, como em tudo, há excepções.



Este livro que reúne traduções de duas poetisas norte-americanas, efectuadas por Maria de Lourdes Guimarães (1933), em 1999, contempla em duas versões o nome de uma delas: "Elisabeth" e Elizabeth Bishop. Evidentemente que uma revisão mais atenta evitaria este erro crasso.



obliquamente, em geminação com MR, no seu Prosimetron. 
 

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Do falar minderico


Situado a meio de Portugal, dizem da terra que "aí onde a serra se afunda numa depressão grandiosa, formando uma concha para aceitar as águas das chuvas, aí fica Minde." Também dizem que o minderico, singular dialecto local, começou a ganhar expressão por alturas do século XVIII, mas eu não o posso garantir.



O que se pode assegurar é que este linguajar próprio se originou entre os feirantes, comerciantes e fabricantes de mantas de Minde, que pretendiam fazer os seus negócios pela calada e sem que os seus potenciais clientes ficassem a saber dos pormenores. O dialecto acabou por se alargar, depois, a outros temas e assuntos. De Minde e deste seu específico regionalismo já tinhamos falado, aqui no Arpose, em 11/4/2014.



Mas, recentemente, em rearrumos de livros, desencantamos este voluminho de 50 páginas, patrocinado por um restaurante local, donde respigamos uma pequena selecção de palavras do dialecto minderico, que por aqui deixámos, em seguida:

1. Âmbria - fome, larica, peneira.
2. Botins de chincheiro - ferraduras.
3. Carochinhas - azeitonas.
4. Dar à piadeira - ralhar, conversar animadamente, acaloradamente.
5. Encolher os mirantes - morrer, dar o último suspiro.
6. Favola - pessoa que tem por hábito andar sempre com os dentes à mostra.
7. Lutaros - figos.
8. Mané-Sousa - membro viril do homem.
9. Ninhou - Minde, terra natal, lugar onde nascemos.
10. Pássara-moura - borboleta.
11. Renhonhon - gaita de foles ou gaita galega.
12. Talha-mar - nariz.
13. Ter os mirantes atiamados de regatinho - chorar.
14. Voadeira - perdiz

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Uma louvável iniciativa 62



Estas coisas, normalmente, vendem-se mal e percebe-se porquê... apesar da magnífica apresentação da edição fac-similada, preparada pelo jornal Público. E foi assim que, tendo-me eu esquecido de comprar o livro na Sexta-feira, quando saíu com o jornal, consegui ainda hoje comprá-lo no quiosque, por 9,90 euros, que é um preço módico para a qualidade da obra. Tinham sobrado alguns.
O manuscrito original de Francisco de Holanda (1517-1585), que aborda o urbanismo lisboeta quinhentista, está guardado na Biblioteca da Ajuda e foi desse exemplar que se tirou cópia para esta edição fac-similada, em boa hora e a preço acessível para quem estime estas nossas antiqualhas...



domingo, 5 de dezembro de 2021

De volta ao Avesso

 

Nem de propósito, três dias depois de eu ter publicado um poste no Arpose em que, maioritariamente, se falava da casta Avesso, utilizada em vinhos brancos, na região dos vinhos verdes, um suplemento (Singular) do jornal Público abordava também o mesmo assunto. No painel das opções, apresentado, não aparecia (ver imagem abaixo), no entanto, o Paço de Teixeiró de que eu falava nas Mercearias Finas 174. E que considero, para além do Quinta da Covela, uma das melhores escolhas do monocasta ou vinho  lotado em que entra a referida casta Avesso.


Teresa Salgueiro / António Chaínho

sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Grandes ditos




Há palavras que ficam na História, para sempre. E frases que parecem valer por uma vida. Muitas vezes atribuídas a determinada personagem, terão sido polidas para lhes darem mais nobreza, ou até mesmo pronunciadas por outra pessoa. Poucos saberão quem foi, fora de França, o escritor e político Paul Nizan (1905-1940), mas é célebre e muito citado o início do seu livro Aden-Arabie, editado pela primeira vez em 1932 (J'avais vingt ans. Je ne laisserai personne dire que c'est le plus bel âge de la vie.): "Eu tinha vinte anos. Não deixarei ninguém dizer que é a mais bela idade da vida."
Quem está familiarizado com a língua francesa sabe, com certeza, de uma palavra que se usa para desejar boa sorte a um actor, antes de ele entrar em palco. É conhecida pela mot de Cambronne, general francês que a terá pronunciado (Merde!) na batalha de Waterloo (18/6/1815), ao recusar render-se ao general inglês Charles Colville. A família  procurou mais tarde corrigir as palavras de Pierre Cambronne (1770-1842) referindo que ele teria dito: "A Guarda morre... mas não se rende." Em vão: a posteridade fixou para sempre o impaciente e ligeiro palavrão, muito mais fácil de decorar.
Dando um tom heróico, para a lenda, da morte, por assassinato, do PR Sidónio Pais (1872-1918), baleado na Estação do Rossio, os seus admiradores cunharam como suas últimas palavras, antes de morrer, o dito grandiloquente: "Morro bem... Salvem a Pátria!" Ora, ao que parece Sidónio, sentindo falta de ar, terá dito prosaica e simplesmente, aos que o seguravam para que ele não caísse: "Não me apertem, rapazes!"

Citações CDLXX



Os escrúpulos e a grandeza foram sempre incompatíveis.

Cardeal de Retz (1613-1679). 

quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Mercearias Finas 174



Eu já tinha experimentado, in loco de origem, a casta Gewürztraminer alemã em monocasta, mas a nacional, lotada com Avesso, foi num vinho branco excelente da Quinta da Covela, ali para as bandas de Baião. Que é uma zona híbrida de vinhos entre verdes e maduros, assim como acontece na região de Lafões. O branco verde  Paço de Teixeiró que HMJ, em boa hora, se atreveu a comprar, tinha sido lotado, e muito bem, com 20% de Loureiro e a referida e interessante casta Avesso (80%), oriunda de Cidadelhe/Mesão Frio, à beira do Marão. O Avesso é benquisto dos produtores, aumenta o teor alcoólico, dá ao vinho um sabor ligeiramente tropical e as suas uvas resistem bem às contrariedades do clima. Este Paço de Teixeiró, com 12%, muito original e agradável, acompanhou lindamente o Coelho Estufado.
De uma receita ouvida, HMJ fez a sua versão original com couve roxa e cogumelos, que ficou deliciosa. E nos regalou, aconchegando divinamente o fim frio da manhã.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Carlos Ramos (1907-1969), por exemplo

 

O vídeo é pimba e de mau gosto, mas o fado, cantado pela primeira vez por Estevão Amarante (1894-1951), em 1916, e recriado depois por Carlos Ramos, até tem a sua graça...

Adagiário CCCXXIX



Mais vale bom sobreiro que saco de dinheiro.