quinta-feira, 16 de março de 2017

Desabafo (19)


Libertei-me do meu jornal à terça e à quinta-feira. Não, não foi só pela poupança, mas guardei-me da irritação, ao dobrar o jornal Público (que já teve melhores dias...), de ver, na última página, o mastronço beirão, com cara suína e suja de barba por fazer, a debitar alarvidades e aleivosias parvas. Eu sei que ele tem 4 filhos para criar, mas não me comovo com solidariedades cristãs: quem lhos mandou fazer, que ele não pudesse evitá-los?
Depois há coisas piores: quem o acopulou com o Mexia (que se entretém, embora molemente, com poesia) e o Ricardo Araújo Pereira (que se diverte, alegremente, por viver), num canal televisivo? Não só a escolha revela mau gosto, como falta de sentido crítico e um grande desequilíbrio. É que, no fundo, acabam por ser uns três mosqueteiros desenquadrados. Dois são inteligentes, um de esquerda e o segundo de direita, o outro é apenas atrasado mensal. Embora eu saiba que ele está a fazer um grande esforço, para se cultivar: até já frequenta o meu alfarrabista de referência, onde vai comprando uns livritos. Hoje, por exemplo, andava à procura das "Cartas Políticas (1908-1909)", de João Chagas - vejam lá onde ele ainda anda, coitado... E não as encontrou.
Tive, agora, um palpite: a criatura deve estar inscrita numa das grandes Internacionais... Qual será? Porque só assim se percebe o encantamento de alguns pascácios com a sua enormidade mental.

6 comentários:

  1. Compreendo o seu desabafo, porque como leitor de jornais durante quase meio-século, comecei em criança e devo-lhes muito, (um familiar era proprietário de uma tabacaria e eu passava lá o tempo a ler, especialmente os artigos de opinião, politica internacional e os suplementos culturais), hoje em dia quase não consigo ler os jornais nacionais, e o cronista que refere muito menos.
    A última semana passeia em Paris e deliciei-me a ler o "Le Monde" e os seus suplementos e quando descobri o grafismo do Magazine do jornal (que não é distribuído fora da França continental), percebi que alguém aqui na terra o aprecia imenso:)
    Muito boa tarde!

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    1. Costumo ler "Le Monde" das Sextas-feiras e acho que tem mantido a sua qualidade. Infelizmento, não posso afirmar o mesmo do jornalismo português, que se vem praticando nos últimos anos.
      A qualidade tem sempre vindo a baixar e eu não tenho, no presente, nenhum jornal em que me possa rever, ou que leia com gosto. Escapam a este meu juízo, 3 ou 4 cronistas que ainda colhem o meu respeito. Pouco mais.
      Desejo-lhe, cordialmente, uma boa noite.

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  2. Coincidência: também não o aprecio. Mas não lhe leio as crónicas nem vejo TV senão de passagem e nunca bateu com o programa; tudo tem um lado bom.

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    1. Este néscio rapazola é uma versão empiorada do que foi na sua juventude o Lobo Antunes a atacar os bonzos da altura (Vergílio Ferreira e Saramago, por exemplo) para dar nas vistas e ganhar espaço...

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  3. Toda a vida houve jornais e algumas revistas (estrangeiras) em minha casa que eu devorava. Há anos que deixei de comprar jornais diários pela irritação que me causava primeiro o Delgado, no DN (Delgado que enquanto comentador de televisão melhorou bastante, do meu ponto de vista) e depois o José Manuel Fernandes, do Público. Antes, aconteceu com O Jornal - deram cabo dele com aquela colagem idiota a Ramalho Eanes. Agora já só compro esporadicamente a Visão, leio o JL e algum jornal que alguém me passe. Compro, de vez em quando, umas revistas francesas.
    Durante anos comprei El País ao sábado e domingo e ficava mais bem informada do que através dos jornais portugueses, o que me parecia triste.
    Bom dia!

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    1. É muito real o retrato que faz, MR.
      Mas eu creio que grande parte da imprensa europeia também piorou, e muito: "L'Obs" é um bom (mau) exemplo...
      Para não falar dos mediocres jornalistas que por aí abundam, muitos deles escrevendo mal e/ou falando com erros indesculpáveis.
      Bom dia!

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