sábado, 15 de dezembro de 2018

Divagações 138


No Mercado, a dona Irene lacrimosa, soluçando a tuberculose inesperada de uma jovem parente sua, de 21 anos, tinha o pinhão a 70 euros, o quilo. Mas eu, este ano, até já o vi mais caro, e menos bonito.
Daí, algumas confeitarias, por vezes, fazerem uma vaquinha com caju e até amendoim torrado que, como vem de África, sempre fica mais barato e dá mais lucro no Bolo-rei vendido. Como já notei, aqui há dias.
Porque isto de tradições é tudo uma questão formal e de parecer. Mas também de contágio, como a tuberculose. Quem já passou Natal e Ano Novo, sozinho, alguma vez na vida, sabe que o facto pode nada ter de dramático ou infeliz. Sobretudo, se for depois de um enorme dia de trabalho...
Desde que haja uma fatia de Bolo-rei, com pinhões autênticos, e outros com casca, mesmo que não esteja ninguém à beira, com quem jogar o Rapa (,tira e põe), como a lembrar a infância de outrora.
Não farei coro com Sartre, a dizer que o Inferno são os outros, mas o Comércio é que leva à obrigação devota e clonada de afivelarmos, por uns dias, esta máscara de solidariedade e alegria, formais, sem mesmo reflectirmos, realmente, se estamos de bem com a Vida. E com os outros...


4 comentários:

  1. Gosto de passar o Natal com a família, mesmo que seja numa versão essencial. E gosto de pinhões (mas não de caju). Bom dia!

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    1. É um desejo natural, Margarida, que eu partilho. Nem o caju, nem o amendoim merecem o sabor dos nossos pinhões, emboram estejam caros, inexplicavelmente.
      Bom fim-de-semana.

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  2. Adoro pinhões. Às mãos cheias!
    Já do Bolo Rei retiro toda a fruta cristalizada....

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    1. Há quem, cá por casa, faça o mesmo com a fruta cristalizada... e eu aproveito..:-)
      Também gosto muito de pinhões!

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