terça-feira, 19 de abril de 2022

D. Duarte, por Rui de Pina



O retrato em palavras é relativamente sucinto e vem no capítulo III da Crónica d'El-Rei D. Duarte (1391-1438), de Rui de Pina. E diz assim:

"... e portanto é de saber que El-Rei D. Duarte foi homem de boa estatura do corpo, e de grandes e fortes membros: tinha o acatamento da sua presença mui gracioso, os cabelos corredios, o rosto redondo e algum tanto enverrugado, os olhos moles, e pouca barba; foi homem desenvolto e costumado em todalas boas manhas, que no campo, na côrte, na paz e na guerra a um perfeito Príncipe se requeressem: cavalgou ambas as selas da brida e de ginêta melhor que nenhum do seu tempo: foi mui humano a todos, e de boa condição: prezou-se em sendo mancebo de bom lutador, e assim o foi, e folgou muito com os que em seu tempo bem o faziam: foi caçador e monteiro, sem míngua nem quebra do despacho e aviamento dos negócios necessários: foi homem alegre, e de gracioso recebimento (...) foi mui piedoso, e manteve mui inteiramente sua palavra como escrita verdade: amou muto a justiça: foi homem sesudo e de claro entendimento, amador de ciência de que teve grande conhecimento, e não por decurso d'escolas, mas por continuar d'estudar e ler por bons livros (...) no comer, beber e dormir foi mui temperado, e assim dotado de todalas outras perfeições do corpo e d'alma."

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