quarta-feira, 2 de maio de 2018

Passeios por Lisboa 6: Impressões pouco agradáveis




O bom tempo veio renovar o meu plano de conhecer melhor os “cantos à casa”, ou seja, descobrir ou revisitar alguns espaços de Lisboa.

Ontem aproveitei o Dia do Trabalhador para conhecer o novo Campo das Cebolas, de que tinha visto algumas imagens aquando da recente inauguração. Antes de chegar ao novo espaço de lazer, olhei, com alguma atenção, para a Igreja da Conceição Velha, reproduzida acima, porventura o momento mais agradável do passeio.

Na Baixa não se pode transitar e cada vez se compreende menos como uma cidade tão cheia de gente ainda admite uma ocupação selvagem do espaço público, que resta, com toda a qualquer bestialidade de feira: vendas de produtos duvidosos, momos e fazedores de ruídos, já que nada têm de arte, estética ou gosto. Tal como as hordas de trogloditas, vindas de cavernas, que são os únicos a pararem e tirarem as fotos para mostrar aos remediados da sorte que ficaram em casa.

Toda esta impressão monstruosa alcança o seu auge quando se olha, da Igreja da Conceição Velha para o fundo da rua: UM MONSTRO a entrar pela cidade adentro.


Quase não tive vontade de avançar e prolongar o meu passeio. Olhei de soslaio para o renovado Campo das Cebolas, cheio de gente a rebolar-se pela relva. Nem quis ver o novo Terminal dos Cruzeiros, porque a monstruosidade dos paquetes a entrar pela cidade adentro é, no mínimo, obscena. A quantidade de gentinha que vem em cada uma destas “bestas de poluição”, como lhes chama uma amiga minha, ainda contribui mais para o completo congestionamento do trânsito.


Da antiga Estação Sul-Sueste caminhei à beira Rio, não em passeios, mas no meio da rua, porque já não havia espaço para circular. Alcancei, com desconforto, a praça junto ao Cais do Sodré para apanhar o meu autocarro, tentando fugir aos sons, em altos berros, que umas criaturas resolvem emitir livremente, ocupando o espaço público de forma selvagem e limitando-me no meu direito de passear livre e SOSSEGADAMENTE pela cidade. 

Post de HMJ

10 comentários:

  1. Apesar de todos esses contratempos bem irritantes, tenho uma certa invejita de quem pode e sabe andar assim por Lisboa. Adorava poder andar assim por lá a passear e a conhecer cada canto, sem me atrapalhar.

    Infelizmente esse é cada vez mais o cenário de Lisboa e agora também do Porto, segundo dizem. E a falta de respeito pelos outros é uma constante em qualquer lado. As pessoas acham que estão cheias de direitos , mas esquecem-se que eles acabam onde começam os dos outros. Isso irrita-me.

    Uma boa noite para a HMJ :)

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    1. Para Isabel:
      Pois continuo a gostar. Não falei no texto, mas hoje experimentei a renovada Carreira 24 dos eléctricos da Carris: Chiado, Rato, Amoreiras. Aproveito ao máximo o meu "passe de velhinha" para andar e ver Lisboa. Desejo também uma boa noite numa cidade AINDA tranquila.

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  2. Já tinha sentido a falta das suas observações lisboetas, infelizmente
    e como eu esperava bastante negativas. Pouco podemos fazer pois a invasão
    de Lisboa tem de ser permitida, quer queiramos ou não. Se dá dinheiro, deve
    ser só para alguns pois o desgaste ambiental da cidade não há dinheiro que
    o pague. O Chiado está um caos. É de fugir. Ainda não andei no 24 mas receio as enchentes. Nem dá para comparações com a cidade dos anos 50 e 60,
    que tão bem conheci. A evolução deveria ser menos negativa. Desejo-lhe um
    bom resto de semana.

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  3. Para maria franco:
    obrigada pelas suas simpáticas palavras. Ora, o 24 anda, por enquanto, quase só com naturais ! Os forasteiros só conhecem o 28 e o amarelo dos eléctricos é pura coincidência. Ficam a olhar aparvalhados quando o 24 desce a Rua do Príncipe Real.

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  4. Gosto do renovado Campo das Cebolas que estava uma espelunca. O Terminal de Cruzeiros também ainda não fui ver.
    O que não suporto são as feiras que montam nas praças, como na Praça da Figueira, Rossio ou Praça do Comércio, desvirtuando-as. Mas, infelizmente, não é só uma moda nacional. São as importações de ma gosto que gostamos de fazer.
    No outro dia passei pela Praça da Figueira e fiquei para morrer com a recuperação do prédio das traseiras da Suíça. E disseram-me que o projeto é recuperar todas as fachadas com aqueles azulejos horríveis e janelas indescritíveis.
    E há mais uma praga em Lisboa de que falarei um dia destes no Prosimetron: os ciclistas.
    Bom dia! Bons passeios!

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  5. Para MR:
    Pois, por causa da terrível moda de montar barracas em todo o lado: junto ao Rio no Cais do Sodré, no Chiado,e tapando a vista no Jardim de S. Pedro de Alcântara já me cansei várias vezes, reclamando. Mas foi como "bradar no deserto". Como resposta levei uma lição de civilidade: afinal as barracas servem para com o seu aluguer "ajudar os pobrezinhos" da freguesia. Fiquei atónita e não achei oportuno responder a semelhante prosa inqualificável.

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  6. Nós temos tendência a fugir da Lisboa Velha, se bem que esse seu passeio me tenha despertado a vontade de ir ao "novo" Campo das Cebolas, onde tantas vezes apanhei a camioneta para as férias do Norte, numa Leça da Palmeira ainda vazia de gente de fora!
    Não achei nada de especial ao novo Terminal dos Cruzeiros!
    Acho que vou começar a passear em avenidas escolhidas, nas chamadas Novas, embora até aí se encontrem uns extraterrestres de máquina em punho!
    Bom dia

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    1. Para Paula Lima,
      pois, costumo escolher os destinos, mas aqui no Chiado e na Baixa levamos sempre com eles. Apanho carreiras para "longes terras", Olivais, Ajudas, Encarnação, etc. para apenas me deparar com o ambiente e os residentes. Mas, por vezes, torna-se difícil evitar as hordas como foi no passeio pelo Campo das Cebolas e o passeio ribeirinho que gosto imenso.

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  7. Ainda faltava mais esta "espectacular" notícia.
    Durante 10 dias o Terreiro do Paço vai ser a aldeia
    da Eurovisão. Que bom...É só festas. Como dizia uma
    colega minha, não há paciência. Boa noite.

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  8. Para maria franco:
    No Dia do Trabalhador lá estavam a montar o "barracal" todo. O ruído diário e nocturno parece começar já amanhã. Boa Noite !

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