terça-feira, 6 de maio de 2025

Apontamento 181: Jornalismo profissional, responsável e esclarecido: PROCURA-SE

 




Em Berlim, assistiu-se, ontem à noite, à despedida do Chanceler Olaf Scholz, com uma cerimónia militar, julgo de regra, na passagem de testemunho para o próximo responsável pelo Governo da Alemanha.

Da imagem da figura de Olaf Scholz, a que o público teve a possibilidade de assistir, ouvindo o seu discurso, não resta nenhuma dúvida a qualquer pessoa bem-intencionada, esclarecida e conhecedora da língua e cultura alemãs, que se perdeu, sobretudo por uma ignorância atrevida sobre as funções do Estado, um dos últimos estadistas com que a República Federal Alemã, no contexto político alemão actual, poderia contar.

Para quem tivesse dúvidas sobre a estatura intelectual, cívica e cultural do chanceler, ignorando o seu ar e empenho sério, consciencioso, realista e circunspecto, avesso, como bom hanseático, a manifestações espúrias de emoções vagas e sem sentido, deveria ler, se soubesse, os últimos dois discursos.

O discurso nos 80 anos do fim do Campo de Concentração de Neuengamme, Hamburgo, e da intervenção de despedida de ontem à noite:

https://www.tagesschau.de/inland/innenpolitik/scholz-grosser-zapfenstreich-100.html

Fica um aviso à imprensa, até àquela que, por cá, se considera profissional: a saber a RTP. Para entender o mínimo do universo intelectual de Olaf Scholz é preciso saber Alemão e não trocar “alhos com bugalhos”, o que a RTP fez hoje.

Scholz despede-se da governação na Alemanha a pedir "mão firme" ao sucessor”

Com efeito, “mão firme” não corresponde – EM NADA – àquilo que o Chanceler Olaf Scholz desejou ao seu sucessor, porque disse o seguinte:

[“Seinem designierten Nachfolger Merz,  (…) wünschte Scholz für alle Aufgaben und Herausforderungen "viel Erfolg, (…) und eine glückliche Hand".]” 

Ou seja, as “mãos firmes” da RTP não têm nada que ver com as “mãos afortunadas” que Olaf Scholz desejou, num universo intelectual superior, ao seu sucessor na condução do próximo governo da RFA.

Fica mais esta ignorância atrevida, até de uma estação pública com responsabilidade, para se entender que, tanto em Portugal como na Alemanha, a imprensa – da direita, do centro e atá da esquerda – fez da sua própria ignorância uma campanha sem precedentes, contra uma superior personalidade de um Chanceler, puxando o chinelo para a “vidinha” quotidiana e incapaz de entender discursos nobres fora da “caixa”.

 Post de HMJ

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