quarta-feira, 9 de agosto de 2017

De Manoel de Barros (Brasil, 1916-2014)


VII

No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá
onde a criança diz: Eu escuto a cor dos passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não
funciona para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função
de um verbo, ela delira.
E pois.
Em poesia é a voz de poeta, que é a voz
de fazer nascimentos -
O verbo tem que pegar delírio.

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