quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Em redor da Bibliofilia



É um conselho que se costuma dar aos bibliófilos: nunca comprar obras incompletas. Porque raramente se conseguem os volumes que ficam a faltar. Mas eu, às vezes, sou atrevido com a sorte. E paciente - não me tenho arrependido muito, de não seguir o conselho. O "Dicionário..." de Inocêncio, fui-o comprando aos bocadinhos, até só me faltar o volume 7 que, em boa hora, a IN-CM reeditou, e eu comprei e completei, finalmente. O único caso bicudo, que tenho em mãos e em aberto, é o vol. IV das "Poesias de António Diniz da Cruz e Silva", editadas pela Typografia Lacerdina e a Impressão Régia, entre 1807 e 1817. Dos 6 volumes, espero há uns quinze anos, para encontrar e comprar o IV.
"A Fénix Renascida" creio que me demorou cerca de 10 anos a completar, mas consegui-o (ver, aqui no Arpose, "Bibliofilia 26"). Outro desenlace feliz, este, de mais curta duração, foi a 2ª edição (1761-1770), pouco frequente (a 1ª edição é cara e raríssima), da obra poética, em três volumes, de Diogo Bernardes. O volume que me faltava ("Rimas Várias...") comprei-o na Livraria Olissipo, de José Vicente. Os outros dois tinha-os adquirido, 4 ou 5 anos antes, num leilão de José Manuel Rodrigues (Livraria Antiquária de Calhariz).
Tudo isto a propósito de, ontem, ter conseguido o II volume, que me faltava, da "Vida, e Feitos de Francisco Manoel Gomes da Silveira Malhão" (1794), de que há uns bons dez anos tinha comprado, na Livraria Histórica e Ultramarina, os tomos I e III. Este segundo volume foi adquirido na Rua do Alecrim, afortunadamente, e está em muito bom estado (ver imagem do frontispício).
Este Silveira Malhão que nasceu em Óbidos, em 1757, era um poeta menor, chocarreiro q. b., mas singular. Era advogado, mas também cantava e tocava modinhas, e terá morrido por volta de 1816. A sua "biografia" está entremeada de poesias e, no volume I das suas obras, faz o seu auto-retrato, num soneto saboroso, que também se reproduz na imagem.


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