quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Notas de um quotidiano decadente 2: Uma educação física inexistente

 

Quem olhar para a imagem em epígrafe não imagina os atropelos à civilidade dos utilizadores do chamado “Campo de Jogos”, nem o incómodo diário aos elementares direitos dos cidadãos e ao seu sossego por parte da edilidade local.

Quanto aos  utilizadores verifica-se, pela linguagem restrita e ordinária, o comportamento e postura humanos a roçar a indigência – tronco nu, gestos obscenos e aliviar-se nos cantos do recinto – e o lixo deixado ao fim do dia, que os supremos objectivos da “Educação física”, disciplina do ensino oficial com uma carga horária considerável, publicada pelo Ministério da Educação, resultam numa eficiência NULA. Para o Ensino Secundário até se publica um MANUAL, ao preço de 40, 33 euros, sem nenhum proveito para os fins em vista.

Às Autarquias que instalam estes recantos de incivilidade, desacatos e desassossego, por baixo das janelas dos residentes, não se aplicam nenhuma das normas da Defesa do Ambiente e do Ruído. Nada controlam, nem utilizações indevidas pela noite dentro. Não falemos, então, de uns habilidosos, promovidos a “treinadores” do jogo da bola que, ultimamente, proliferam nos espaços do recinto. O aspecto diz tudo sobre as criaturas: chapéu, roupagem condizente e gritinhos a cada golada dos meninos. Ou mães em inanição, tipo Buda. Grandes ensinamentos !

Neste caso, o que vale, tal como na antiga “Ginástica” da Escola portuguesa, é entreter os meninos !

Dar com os pés na bola é o único proveito da disciplina escolar chamada Educação Física, com uma carga horária desmedida face às disciplinas “duras” de desenvolvimento da mente.

Em tempos que já lá vão, felizmente para estes aspectos de indigência, o voto do professor da disciplina de Educação Física tinha o mesmo valor na aprovação, ou chumbo, dos alunos como o seu colega das disciplinas de Ciências e Humanidades.

Felizmente, no meu tempo de escolaridade, a disciplina de Desporto, na sua noção verdadeira, ainda se orientava pelos valores essenciais de actividade física e aprendizagem, promovendo um convívio civilizado, embora nunca incluísse, na grande panóplia de modalidades, o jogo da bola de futebol. Laus Deo ! Remédio santo para relegar o futebol para as modalidades impróprias do desporto.

E para quem teve a experiência de tratar as memórias do Comité Olímpico alemão, num tempo de um senhor conhecido por Carl Diem, também ficou vacinado, para o resto da vida, sobre a excelência de civilização e humanidade dos jogos olímpicos.

São experiências de vida que fundamentam as nossas opções e convicções. De facto, para mim, o futebol não é desporto, nem serve para humanizar o resquício animalesco do homem. É o suplício de uma experiência diária que não se recomenda.

Post de HMJ

4 comentários:

  1. Alguém (Ramalho?) terá dito do futebol: "jogo de canelão e encontrão, propício à tuberculose".

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    1. De HMJ para JdB
      Boa síntese num país que ainda não se livrou dos 3 FFF's, passados tantos anos de democracia.

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  2. Lamento o vernáculo mas Mário de Carvalho dixit “a merda da bola”

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    1. De HMJ para o Anónimo:
      A liberdade "poética" é bem vinda.

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