segunda-feira, 26 de julho de 2021

Quase um soneto


 Memoriae


Na varanda de begónias e avencas
no leve mofo e solidão do estio
se desprende silêncio  Ao largo a fonte o
quebra  Quantos anos eu botei menino

Rodou a bola  Partira-se o pião
E assustado no casarão enorme
a ver fugir-me o jogo do botão
tear infinito me fazia homem

Secaram os goivos no jardim em frente
cresce ainda murta aqui além informe
Os velhos passam  A estrada negra parte
para onde?  E tão longe da memória
da varanda de avencas e begónias  


António de Almeida Mattos (1944-2020)


Nota Pessoal: este poema de A. de Almeida Mattos foi publicado, inicialmente, no suplemento Cultura e Arte do jornal O Comércio do Porto, vindo a integrar depois (1985) a antologia "Poetas de Fafe". Aqui o lembramos no dia em que o António, se fosse vivo, completaria 77 anos.


4 comentários: