segunda-feira, 6 de abril de 2020

Apontamento 132: Máxima antiga - Não há duas sem três



Na Alemanha, no meu tempo de meninice existia uma máxima: “Wer A sagt muss auch B sagen” – a saber, quem “pronuncia A tem que dizer B”.

Ou seja, a questão fundamental é apenas de coerência.

Assim, não vale a pena a Chanceler – como nos idos da crise de 2008 – falar da solidariedade europeia e virar as costas quando se aproxima o passo seguinte – de A para B – a fase subsequente e determinante de abrir os cordões à bolsa.

Nisso, e é bem lembrá-lo, que estão os dois de acordo, Merkel e Schäuble. Como diria Vitorino: são “Farinha do mesmo Saco”.

Tenho muito pena, mas por cá ainda existem algumas boas almas encantadas com os discursos da Senhora Merkel, avaliação, aliás, que nunca partilhei. Sempre a achei profundamente provinciana, tal como o seu outro ideólogo, vivendo num mundo reduzido aos “cifrões”, universo particular do endinheirado germânico, promovendo a cultura de pacotilha. Bayreuth a quanto obrigas !

De facto, nesse mundo maravilhoso dos cifrões da Alemanha há dinheiro para muita coisa, até fortunas transformadas em fundações de apoio a bicharadas diversas, asnos e toda a parafernália de animais domésticos.

No entanto, o universo dos idosos, no limiar da pobreza, situa-se numa faixa de 25% da população. Haverá maior vergonha do que esta para um país considerado rico ? Quando se fala, contudo, de aprovar, com o apoio da CDU da Senhora Merkel, um pacote de Reforma Base Universal para os pensionistas, vamos a passos.

Convém, no meio disto, ler artigo de 6.4.2020, publicado pelo Público, do Ministro das Finanças alemão, Olaf Scholz (SPD) e Heiko Maas (SPD), numa iniciativa conjunta saída em vários jornais da Comunidade Europeia. Tardiamente, depois do discurso indispensável, oportuno e urgente de António Costa.

Com particular necessidade da renovação do sentido último do “Imperativo Categórico” de KANT, nesta circunstância em que o mundo financeiro e global se afundou, espero que a Alemanha não se esqueça, mais uma vez, do profundo sentimento de humanidade de uma parte considerável da sua população que continua a estimar os valores essenciais. São eles que merecem o nosso apoio como povo do centro da Europa, abertos ao Mundo, humanos e solidários.

Infelizmente, são os menos esclarecidos que a imprensa coteja, designadamente toda a cáfila de forças de direita que se aproveitam da profunda ignorância que se instalou. Sinais do tempo.

Por último, e por razões substanciais, tenho muitas dúvidas sobre a excelência do sistema de saúde alemão quando comparado com o SNS, até por experiências desagradáveis recentes.

Por fim, continuo a batalhar pelo universo em que cresci, da União Europeia, de encontros culturais, humanos e apoiados, por políticas e finanças ao serviço da comunidade.

HMJ

2 comentários:

  1. São cegos ao que se passa na Itália e em Espanha. Não percebo como não olham para os resultados das últimas eleições nestes dois países.
    E o que se passa na 'maravilhosa' Holanda? Hoekstra devia abrir uma investigação à sua gerência e do seu antecessor Dijsselbloem, como sugeriu fazer à Espanha. Parece que as coisas não estão a correr muito bem por lá.
    Se a Europa não inflete nas suas políticas neoliberais e volta aos valores e obetivos com que a UE foi criada, é certo que a Itália sairá da UE e veremos o que se vai passar em Espanha. Estou cheia de medo.
    Boa semana!

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  2. Para MR:
    Pois, não são tempos nada tranquilos e a ignorância é cada vez mais atrevida.

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