sábado, 12 de maio de 2018

Variedades e efeméride


Em tempos da minha juventude, as opções eram normalmente simples. O maniqueísmo era predominante. Ou cabelos curtos ou muito longos, Benfica ou Sporting (o Porto ainda não fizera a sua aparição...), ou O Mundo de Aventuras ou O Cavaleiro Andante, semanais. Muito embora houvesse transgressões pequenas: por exemplo, os soixante-huitard, do Maio francês, preferiam os cabelos compridos e rabos de cavalo aos austeros cabelos curtos do maoismo da Revolução Cultural. Excepção feita ao alsaciano Cohn-Bendit, que tinha o seu cabelo mais ou menos composto e com volume. Pressagiando, talvez, o cordato e futuro deputado Verde do P. E., que viemos a conhecer mais tarde.
Muitos anos depois, chegou a terceira via, que havia de dar cabo do socialismo democrático, a multiplicidade do corte dos cabelos, o liberalismo desenfreado que se seguiu à queda do Muro, o exotismo andrógino, o politicamente correcto dos beatos saudosos da religião perdida, a nova ignorância militante. As etnias multiplicaram-se à face da terra e nas consciências, sendo enorme, hoje, a possibilidade de escolhas. Mas uma coisa se repete, juvenil, quando a liberdade parece ser total: continuam a queimar-se carros pelas ruas. Como aqui, há 50 anos atrás, neste Paris varrido pela sublevação estudantil, em 11 de Maio de 1968 ( da foto que encima este poste).

4 comentários:

  1. Excluindo a questão para mim triste, que é a da permanência da violência (sob todas as formas), gosto mais de um mundo menos maniqueísta. Bom dia!

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    1. Estou consigo. Muito embora muitas das opções que se nos oferecem acabam por ser atalhos errados.
      Bom Domingo.

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  2. Não consigo perceber, mesmo que seja por protesto, a vontade de estragar o que é dos outros! E pensava-se que os anos passavam, havia evolução de mentalidades e a destruição desaparecia, mas não!
    Bom dia

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    1. Há quase sempre um lado anarca e destrutivo na juventude que só a idade faz abrandar. Por outro lado havia também uma certa agressividade contra o consumismo que, infelizmente, sobreviveu e se agravou até hoje.
      Bom dia.

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