sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Bibliofilia 216

 

A partir do século XVII, mas com maior intensidade no século XVIII, proliferaram em Portugal as academias literárias, que culminaram, em 1756/7, com a criação, em Lisboa, da Arcádia Lusitana. Destinavam-se muitas delas a apontar novos caminhos para o barroquismo que grassava anteriormente, sobretudo na poesia nacional. Até pequenas terras (Torre de Moncorvo, Os Unidos; Guimarães, Dos Problemáticos) criaram instituições deste tipo, que reuniam para debater teorias, reescrever episódios históricos (por vezes) e recitar poemas. Destas variadas academias se editaram também alguns volumes com textos, de maior ou menor interesse literário.



Dos Anónimos de Lisboa veio a publicar-se em Agosto de 1718 a obra, hoje rara, intitulada Progressos Academicos..., que eu comprei no início do século XXI, num alfarrabista de Lisboa, por 80 euros. Pertencera a M. Osório, da Quinta das Lágrimas (Coimbra), coforme carimbo de posse, e o livro encontrava-se em bom estado de conservação.
Discutível a qualidade dos poemas, alguns deles jocosos, retratam, no entanto, uma época literária. Aqui fica mais um Epigrama, transcrito da página 75, e atribuído a Hieronymo Godinho de Niza:

Doce instrumento ouvido,
Certo Rouxinol de absorto,
Não está como dizem morto,
Mas está adormecido.
E se atégora cantava
Ao som que a lyra fazia,
Não foy porque não dormia,
Mas foy porque ressonava.

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