segunda-feira, 7 de maio de 2012

O cómico


Ser cómico é uma arte difícil. Entre os esgares de um Jerry Lewis e a imota expressão melancólica de Buster Keaton, há uma diferença de tomo, embora ambos consigam arrancar gargalhadas ao ser humano mais sorumbático - desde que tenha sentido de humor. Bergson, em "Le Rire", disse-o, para sempre, de modo filosófico e profundo.
Porque não é fácil ser cómico. Daí a frase popular: "este quer fazer-se engraçadinho..." Normalmente, dita em tom sério e depreciativo. Porque, primeiro, é preciso estudar o tema, ensaiar o tom, definir prioridades num discurso crescendo de relaxe, mas também de expectativa, para com o ouvinte ou espectador. E, sobretudo, programar ao milímetro, dissimulada e minuciosamente, a mímica facial.
Mas há também um humor naïf, não preparado, que decorre da ignorância ou da palermice. Humana, para usar um adjectivo e clarificar melhor. Que colhe, da desarrumação mental, da pura irracionalidade, uma gargalhada sonora. No ciberespaço, abunda entre as search words mentecaptas de alguns "usuários" e as respostas ou traduções rurais do motor de busca Google americano. Venha o diabo e escolha, qual o mais hilariante!...
Saia a última! Diz o visitante: "fotos de ingrid andrade, via vitoria mesquita somic ali!"; responde o Google, do alto da sua ignorância cósmica e iliteracia primária e disléxica: Arpose - "Comic Relief (1) - uma intermediação de Vicky Pollard".
E "riase la gente", como dizia Gongora... 

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