Tenho uma certa dificuldade em avaliar com isenção os pergaminhos, como escritora, de Irene Lisboa (1892-1958). Mas recordo-me que dos seus livros diziam que era mais incensada pela crítica literária do que frequentada pelos leitores, ainda que os tivesse fiéis. Por outro lado, lembro-me bem de alguém que, numa altura difícil de vida, a lia repetidamente, e a citava em profusão, sobretudo excertos de Solidão, na versão da Portugália (1965).
Creio que posso afirmar que, hoje, Irene Lisboa está profundamente esquecida. O seu intimismo discreto não se compagina com as estridências dos dias presentes. E até a sua própria poesia, um pouco na estirpe da de Casais Monteiro, e que me surpreendeu favoravelmente (já nos anos 90), terá talvez uma distanciação áspera em relação aos cultores potenciais.
Fique porém o nome de Irene Lisboa, nesta temática ingrata que o tempo foi cavando e eu aqui dou conta no Arpose, de vez em quando, para contrariar os desamores...






