A moda tem, por vezes, origens misteriosas e inexplicáveis que desafiam a imaginação. E concita seguidores gregários que lhe dão vida, normalmente, por ausência de gosto próprio e pessoal.
A casa-museu do escritor francês Pierre Loti (1850-1923), em Rochefort, de interiores barrocos e orientalistas, integrou recentemente o Loto du Patrimoine, uma espécie de lotaria cujos lucros se destinam à recuperação de edifícios e monumentos significativos do passado gaulês. Encerrada em 2012, está ser recuperada da acentuada degradação em que se encontrava.
Julgo que foi na segunda metade do século XIX e inícios do XX que o exotismo das coisas do Oriente começou a ocupar a agenda e a curiosidade dos europeus. As chinoiseries ganharam, então, uma visibilidade inesperada.
De Salammbô (1862), de Flaubert, à ópera Madame Butterfly (1904), de Puccini, passando por Madame Chrysanthème (1887), de Loti, bem como pela decoração de várias casas da alta burguesia e pelos Cafés da moda que também integraram esse gosto marcado e insólito.
Por cá, foram bons exemplos o Café Chinês, inaugurado em 1861 (encerrou em 1936 e foi demolido dois anos depois), na Póvoa de Varzim, e os interiores do Café Oriental, em Guimarães, que, como todas as modas, tiveram apenas o seu tempo breve de glória e fama. Como o próximo casamento régio britânico, pelo menos na Caras, Nova Gente e CMTV, há-de ter capas efémeras de mau gosto kitsch e os prime time, neste caso por poucas semanas, satisfazendo, assim, a ligeira e leviana coscuvilhice dos leves e róseos de espírito.
Sic transit gloria mundi...