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terça-feira, 2 de setembro de 2025

Bibliofilia 225



Não é todos os dias que fico surpreendido com uma encadernação. Se não erro, quatro ou cinco me ficaram na memória, e duas delas tinham a marca do artesão profissional que as fez. Esta, da imagem acima e que me foi oferecida (Obrigado, H. N.), é anónima, mas uma linda obra executada.
O estudo, de Jacinto do Pado Coelho (1920-1984), sobre o poeta João Xavier de Matos (1730?-1789), é o mais extenso e completo trabalho que conheço sobre o vate, embora contenha uma ou duas imprecisões, que não desmerecem o valor do conjunto das 36 páginas integradas na miscelânea.



domingo, 9 de janeiro de 2022

Da Janela do Aposento 70: Cuidar dos "doentes"

 

A falta de um amplo compartimento em casa apenas dedicado à oficina de trabalhos manuais, costura e encadernação, obriga-me sempre a soluções de compromisso, quando a disposição mental e a disponibilidade de espaço o permitem.

Como há sempre muitos doentinhos cá em casa, em lista de espera e com achaques ligeiros ou mais sérios, a oficina volante lá se instalou na sala após a arrumação das decorações de Natal.

Não faltam nesta oficina “hospital” visitas para aconchegar os doentinhos. A foto acima mostra, portanto, o senhor papel, sentado na primeira cadeira. Segue-se a senhora cartolina e cartões, conversando com a sua comadre, a senhora das peles. Todos muito atentos e virados para a mesa das operações, onde tudo está à mão de semear para tratar dos enfermos.

O “doente” que pedia mais insistentemente o seu atendimento foi o exemplar abaixo reproduzido e que tinha a sua capa dividida em duas partes. O anterior proprietário fez uma asneira da grossa: colou as duas partes com fita cola. A marca fica, pois, até ao fim da vida útil. Depois de tirar com cuidado a má da fita, restaurou-se a capa, colando no verso uma folha de papel japonês para reforçar o papel e sobretudo as badanas.

Os leitores bem sabem que os exemplares de impressos do fim do século XIX, início do século XX, sobrevivem, e mal, apenas com uma folha de papel mais encorpado a servir de portada. Por outro lado, estes livros têm uma lombada pouco resistente e, por isso, costumam marcar a consulta com frequência, pedindo um reforço  das “costas”, i.e., a encolagem da lombada, assim como um tratamento das folhas iniciais, anterior e posterior, aplicando o remédio do papel japonês.

Em cima da mesa já estão alguns doentes despachados, outros em tratamento mais prolongado, dentro da prensa, e outros ainda à espera de oportunidade.

Já deixei um aviso à porta do “hospital”: É favor marcar a sua consulta com brevidade, uma vez que o espaço será encerrado nos próximos dias.

Infelizmente, esta oficina só poderá funcionar em ambulatório !

 Post de HMJ

 


terça-feira, 9 de julho de 2019

Para que conste


Uma preciosidade roída pelo tempo... De que o desleixo e a incúria se fizeram amigos.

terça-feira, 1 de novembro de 2016

A propósito de uma encadernação, bonita


As encadernações são, com frequência, caras, e só muito raramente eu mandei encadernar livros. A última vez que o terei feito foi há mais de 15 anos. Justificava-se, porque a obra estava desencadernada e, não sendo muito valiosa, era um pouco rara. Mas também aprecio uma encadernação bem feita, e tenho algumas, bonitas, compradas usadas, em alfarrabistas.
É o caso da que aparece em imagem e que tem o ex-libris do  seu primitivo possuidor, o advogado Francisco de Mascarenhas Gentil (1906-1948).


Uma familiar, Isabel Maria Gentil (1912-1979), firmou também a sua posse manuscrita, em 1937, na folha de rosto desta obra menor de G. B. Chesterton (1874-1936), L'Auberge Volante (1936), em versão francesa. Não sendo uma edição preciosa, este romance deve ter agradado aos seus possuidores para o terem mandado encadernar em tão boas condições. E foi pelo esmero da apresentação que me tentou a compra do bonito volume.

Nota: julgo que o casal, referido acima, foram os pais de Helena Mª Vaz da Silva (1939-2002).

sábado, 22 de outubro de 2016

Da janela do aposento 64: Ofícios em extinção




A forte herança genética sempre contribuiu para admirar e, até, pretender exercer um ofício. No entanto, o desejo não tivera apoio materno pelas escolhas por ofícios pouco recomendáveis a meninas, porque o marceneiro da família era o tio, homem, portanto. O objectivo final seria uma carreira de arquitectura de interiores, mas, sem a aprendizagem do ofício, nada feito.

Ficou, todavia, a observação permanente da composição manual que deixou memórias inesquecíveis e, mais tarde, ajudou na escolha de um curso livre de encadernação. Assim, da composição até à conclusão do ciclo do livro, fechando-o no invólucro que o segura e protege, temos todo um conjunto de ofício e saberes que se encontram em vias de extinção.

Recentemente, tive o enorme prazer em assistir, durante vários dias, ao restauro de um livro antigo. Deixo em imagem a encadernação, no seu estado antes da intervenção. Para além dos ensinamentos, reencontrei uma “alma gémea”, pois o mestre encadernador que lhe tinha transmitido os saberes fora, afinal, também o meu.

Durante todo o percurso de trabalho, e não encontrando à minha volta gente nova a aprender a arte, perguntava-me até quando haverá obreiros dedicados nestes ofícios em vias de extinção.

Post de HMJ, dedicado ao Mestre Mourão 

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Encadernar


Ao longo da minha vida, não terei mandado encadernar mais do que cerca de 40 livros, mas haverá, com certeza, na minha biblioteca, umas centenas de volumes com encadernações. Algumas delas (poucas) de grande qualidade, e portuguesas. Quase todas adquiridas em alfarrabistas e leilões. A encadernação é uma arte nobre, quando bem executada.
Por outro lado, sendo raras, quaisquer referências, mesmo que indirectas, a Portugal, no TLS, enchem-me de regozijo. A penúltima edição (nº 5837) do jornal literário inglês, para ilustrar uma recensão crítica a um livro de bibliografia sobre encadernações, traz uma imagem com etiquetas de alguns dos mais importantes encadernadores europeus.
Bem no centro, destaca-se o nome de um encadernador português - Frederico d'Almeida. Ainda o vi a trabalhar na sua oficina, à rua António Maria Cardoso, em Lisboa. A oficina fechou, infelizmente, há cerca de 10 anos. O seu lugar foi ocupado por uma Galeria de Arte.