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terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Pinacoteca Pessoal 180



Pintor, artista gráfico e poeta bissexto, o russo Boris Grigoriev (1886-1939), destacou-se sobretudo pela qualidade dos seus retratos, onde sobressai o de Rachmaninov, com os esboços preparatórios que o antecederam. Tem também algumas telas curiosas que retratam a vida nos campos soviéticos.




Na juventude chegou a viver e estudar em Paris, sendo um admirador da obra de Paul Cézanne. O gosto pelas viagens e a curiosidade pelo mundo fê-lo chegar às Américas, Finlândia e Alemanha. Incluído habitualmente na escola impressionista, a sua obra é, no entanto, suficientemente pessoal e original.



terça-feira, 30 de outubro de 2018

Pinacoteca Pessoal 140


Ao contrário da literatura, as artes plásticas, talvez pela sua maior flexibilidade de concretização, têm criado, mesmo nos últimos tempos, novas expressões para as suas diferentes (?) escolas. O denominado Neo-Expressionismo (por volta de 1980) e o mais recente Formalismo Zombie, cunhado por Walter Robinson (1950), estão aí como exemplos, em confronto com a chancela maior de Romantismo que, em literatura, já cobre, como corrente, mais de dois séculos.
Léopold Survage (1879-1968), nascido na Finlândia - país que, nessa altura, estava integrado na Rússia - desenvolveu a sua obra madura já em França, onde viveu grande parte da sua vida e veio a falecer, em Paris.

Ainda expôs na Rússia, em conjunto com Wassily Kandinsky, mas os seus caminhos de expressão seguiram rumos diferentes. Em Paris partilhou o estúdio com Amedeo Modigliani, que lhe fez o retrato, em 1918. Atraído pelo Cubismo, veio a ser influenciado, também, por Cézanne e Matisse.
A sua obra é multifacetada e, por isso, difícil de ser contida apenas numa escola de Pintura...

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

O acinzentar da vida


Era Paul Cézanne que dizia, em conversa com Joachim Gasquet, que:  Näo somos pintores enquanto näo pintarmos um cinzento. O inimigo de toda a pintura é o cinzento, diz Delacroix.
Provavelmente, nem todos os pintores se associam a este pensamento radical. Depois, há cinzentos e cinzentos: o verde cinzento, o castanho cinzento, o azul cinzento... 
Porém, convivendo há mais de uma semana com céus cinzentos, eu arriscaria dizer que, embora monótono e talvez inimigo da alegria, pode conviver-se com ele, seriamente, e de boa fé...

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Pinacoteca Pessoal 105


Personagem complexa, o pintor de origem arménia Arshile Gorky (1904-1948), naturalizado norte-americano, teve uma importância significativa na escola do expressionismo americano. Muito embora a primeira fase da sua obra tenha sido muito influenciada por Cézanne: o seu Auto-retrato, aos 24 anos (que encima este poste), é um bom exemplo.
Nos últimos anos da sua vida, e com vários problemas neurológicos e físicos, deu-se para reinventar a sua vida (o seu nome verdadeiro era Vostanik Manoug Adonian), alterando o ano efectivo do nascimento e criando uma falsa linhagem nobre. Suicidou-se a 21 de Julho de 1948. 
O segundo quadro do poste é uma imagem idealizada e inspirada por uma fotografia, dele e da mãe. A progenitora terá morrido na fuga, em resultado do genocídio arménio. A terceira tela é representativa  da sua fase final, de expressionista abstracto.


sábado, 18 de outubro de 2014

Natureza viva, ou desmontando a instalação


Uma fotografia vale um poste? A minha resposta é não, mas há quem assim os faça. Penso, ao contrário, que há que juntar-lhe palavras. Em tempos de retraimento e recolhimento outoniços, porém, elas não surgem com facilidade. Ensaiemos as diversas opções de "legenda":
1. Eu podia falar do Outono.
2. Podia referir e nomear os frutos.
3. Talvez pudesse juntar à foto, uma catadupa de naturezas mortas (Cézanne, Matisse...) para deslumbrar os visitantes desconhecidos, que ficam quase sempre pasmados com a quantidade das imagens e com a pretensa erudição cultural.
4. Não dizendo nada, eu podia falar, até, de outras coisas...
5. Mas, mais concretamente, posso referir os dados acontecidos, com fidelidade real: a fruteira continha 2 maçãs "riscadinhas" e a bela romã, acabada de comprar, na Ribeira, pela HMJ. Lembrei-me que, numa outra fruteira, havia ainda uma laranja junto de três limões. Juntei a laranja para completar o quarteto, como se um verso final para acabar uma quadra. Depois, pedi a HMJ que tirasse uma fotografia, o que ela fez. Em prol da verdade, teria de dizer que, no frigorífico, ainda ficaram 3 diospiros, bem maduros, que não constaram da fotografia.

Será que terei dito, realmente, alguma coisa? De substancial - quero eu dizer...

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Pinacoteca Pessoal 62 : Cézanne


Não sendo dos quadros mais conhecidos de Paul Cézanne (1839-1906), esta tela, executada por volta de 1870, pertence ao acervo do Museu de Arte de S. Paulo (Brasil). Retrata a concentração relaxada de Émile Zola (1840-1902) escutando a leitura de um manuscrito, por parte do seu secretário, Paul Alexis. E é um bom exemplo da obra de Cézanne, como ponto-charneira entre o Impressionismo e as novas correntes que vieram a florescer, com o dealbar do século XX, na Europa.

terça-feira, 30 de julho de 2013

arte menor (12)


Criação

Esta dura crueza de navio
à deriva, seguindo a tempestade,
aguarda essa palavra que inicia
todo um começo sem saber o fim.

Dum silêncio nocturno vem a lume
a força, e um caroço se liberta
de mim, como de um fruto que apodrece
sem saber - por dentro.

Sb., 26-30/7/13.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Valéry: algumas questões pertinentes e polémicas sobre Pintura


"...Porque nada, de agora em diante, é feito com modelo. Quase tudo é feito sem estudos prévios; ou antes, quase tudo não é senão estudos, mas ainda estudos inutilizáveis! Um bom estudo deve ser ainda mais arrojado do que um quadro, e permanecer na penumbra do atelier. Nunca ser posto à venda, ou ir para um Museu.
Como se chegou a este ponto?
É porque de início, a ideia de hierarquia entre as obras e entre os géneros se esgotou. Se duas ameixas sobre um prato valem o mesmo que uma descida da cruz ou uma Batalha d'Arbelles, e podem valer infinitamente mais; se um croquis de X vale infinitamente mais que uma imensa tela de Y..."

Paul Valéry, in Degas, Danse, Dessin (pg. 139).

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Osmose (39)


A casa já não será a mesma. Procurará, em vão, os recantos onde guardava pequenos segredos, bichinhos mortos ressequidos, bilhetes que, na infância, seriam comprometedores. O pequeno telefone de baquelite foi fácil de encontrar, mas a ocarina de barro, que oferecera ao pai, não a conseguirá descobrir.
Se tivesse seguido os sinais mais simples, talvez tivesse atingido o abstracto, o todo. Numa expressão sucinta, a matriz do universo, comum, afinal, a todos os homens. E, da infância à velhice, seria apenas um passo -  como do rosa, fechando os olhos, chegar subitamente ao amarelo.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Nicolas Poussin



Porque se volta atrás? Quase sempre por uma ilusão que persiste. Ou para acabar, de vez, com ela. Ao que dizem, Cézanne admirava o classicismo de Nicolas Poussin, que nasceu a 15 de Junho de 1594, em França, mas trabalhou grande parte da sua vida em Roma, onde veio a morrer, no ano de 1665. Por sua vez, Poussin tinha em grande estima as obras de Rafael e Giorgione. Todas estas referências e admirações enobrecem e qualificam quem as teve.
Um dos quadros mais conhecidos de Nicolas Poussin, em imagem, intitula-se "Os Pastores da Arcádia", e encontra-se no Museu do Louvre, tendo sido pintado entre 1638 e 1639. A obra coloca algumas questões. Primeiro, a inscrição "Et in Arcadia Ego", que os pastores parece tentarem decifrar. Depois, a melancolia da paisagem, talvez de Outono (da vida?), acentuada no lado direito. Finalmente, o próprio e antigo sarcófago romano que é o centro objectivo da pintura. Mas que também poderia ser um túmulo merovíngio ou visigodo, que a própria Wikipedia refere ter sido encontrado, depois da morte de Poussin, em Rennes-le-Château. Tudo questões que só o Pintor poderia esclarecer. Mas não o fez. Deve ter querido deixar alguns mistérios por resolver, para quem viesse a ver o quadro, no futuro.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O preço da Pintura



Das cinco versões da série "Joueurs de cartes", de Paul Cézanne (1839-1906), apenas uma das telas, pintada em 1895, se encontrava em mãos particulares. Mais concretamente, na posse de George Embiricos, milionário grego, falecido recentemente. Foi por isso, principalmente, que o quadro mudou de dono - conforme noticiam os jornais e as revistas The Art Newspaper e Vanity Fair. Segundo esta última, a transacção teria tido lugar ainda em 2011. A compra terá sido feito pela família real do Qatar, possuidora de uma notável pinacoteca e dona do conhecido canal televisivo Al Jazeera. Os montantes envolvidos, embora não se saiba o número exacto, andarão muito próximo dos 228 milhões de euros. Assim esta tela , "Joueurs de cartes", de Cézanne, passa a ser a mais cara vendida, até hoje, ultaprassando em mais do dobro o quadro "Desnudo, hojas verdes y busto", de Pablo Picasso, vendido pela Christie's, em 2010, por 81 milhões de euros. Compra quem pode...  

sábado, 3 de dezembro de 2011

Pinacoteca Pessoal 21 : Renoir - a Arte feliz


Embora o considerem da linhagem e na sequência natural de Rubens e Fragonard, Pierre-Auguste Renoir, nascido a 25/2/1841, em Limoges, é bastante mais do que isso. O que em Rubens é, muitas vezes, exuberância, é, nos nus de Renoir, uma sensualidade contida e uma alegria de viver, pressentida. Dizia Raymond Cogniat que "Cézanne olha e raciocina, Renoir vê e sente". Para Cézanne o modelo era um pretexto que tinha como objectivo a Pintura; em Renoir será a concentração sobre a personagem do modelo que mais lhe importa. Aliás, os nus na obra de Renoir são tardios, surgem apenas à roda dos 40 anos do pintor. Inicialmente, em cores dispersas, alastradas que, após conhecimento mais profundo da obra de Rafael (quando esteve em Itália), se concentram e intensificam, dando mais densidade às figuras.
O quadro em imagem (Petite Baigneuse Blonde, de 1887), pertence  ao acervo da Nasjonalgalleriet, de Oslo. Renoir morreu, em Cagnes, a 3 de Dezembro de 1919.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Claude Monet


Foi justamente o título do quadro (Impressão, ao nascer do sol), em imagem, de Claude Monet (1840-1926), que veio a dar origem ao nome da  escola e movimento conhecido como Impressionismo. A tela encontra-se, hoje, no Museu Marmottan, em Paris. Quando foi exposto em 1872, o crítico Louis Leroy glosou, ironicamente, a palavra Impression que os pintores do grupo de Monet adoptaram, imediata e  alegremente. Claude Monet que nasceu a 14 de Novembro, em Paris, é talvez o mais impressionista dos pintores impressionistas. Obsessivo ou perfeccionista, em extremo, reproduziu incansavelmente, por exemplo a Catedral de Rouen (20 quadros), para captar o jogo de luz e sombra que envolvia o edifício, nas diversas horas do dia. E glosou também os nenúfares do seu jardim aquático da casa de Giverny, onde veio a falecer, a 5 de Dezembro de 1926. Depois da morte da mulher e, sofrendo de cataratas, pouco mais pintou. A visão estava profundamente afectada, sobretudo pela exposição excessiva à luz, de que o pintor abusara demasiado. Dele dizia Cézanne: "somente um olho mas, meu Deus, que olho!". A qualidade da sua obra era já consensual e Monet era respeitado pelos seus colegas, como um Mestre.