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domingo, 18 de maio de 2014

Sardinhas, jacarandás e Alcochete


As sardinhas, apesar de ainda magras, estavam, as seis, plenas de mílharas, como os jacarandás, cheios de folhas, mas ainda sem flores que se vissem. Ao contrário dos da 24 de Julho, em Lisboa, já floridos, mas despidos de folhagem, talvez por causa da poluição automóvel da avenida, que com as obras, na Ribeira das Naus, ainda está pior de trânsito.
Ora, Alcochete (Al Caxete[árabe]= O Forno) tem aquele rara harmonia de algumas (muito poucas) terras ribeirinhas, em que as águas, o céu e as areias se casam, em aliança equilibrada, com os ventos que sopram, purificando o ar. Para aqui veio, em 1469, D. Beatriz, fugindo aos ares empestados de Lisboa. E aqui deu à luz o venturoso D. Manuel, no último dia do mês de Maio.
Para próximo daqui, Barroca de Alva, veio também Jácome Ratton, em 1767, não já por causa dos bons ares, mas para explorar umas salinas, e para melhor tratar desses negócios, que o Marquês apoiava. 
E eu que só queria falar das primeiras sardinhas que comi este ano... As palavras - dizem - são como as cerejas. E que boas que elas estão, neste ano da graça de 2014!...

domingo, 4 de setembro de 2011

Recomendado : dezoito - Jácome Ratton


No passado e em leilões, por diversas vezes, tentei comprar o livro "Recordações de Jácome Ratton". Mas ia sempre a preços muito altos, e resisti. Na verdade, a obra, até finais do séc. XX, só tinha sido editada duas vezes: em Londres, a edição original (1813), e a segunda em Coimbra, no início do século passado. Jácome Ratton (1736-1821), nascido em França, e de pais franceses, fixou-se em Portugal, foi protegido do Marquês de Pombal, vindo a naturalizar-se português. O Marquês viu nele capacidades de dinamismo e realização para que fosse  um dos agentes da modernização industrial do país. E não se enganou. Provavelmente, já nessa altura, Portugal tinha falta de empreendedores ousados e dinâmicos. Mas com a "Viradeira", suspeitas de colaboracionismo com os franceses e invejas à portuguesa, em 1810, Jácome Ratton foi preso. Mercê das relações que tinha, foi libertado pouco depois, tendo seguido para Inglaterra, onde viveu até morrer, com 84 anos, com um filho que lá tinha. Foi assim que, com 80 anos, começou a escrever as "Recordações de Jácome Ratton", onde conta a sua vida e os sucessos que passaram por Portugal, na sua época.
O livro é agradabilíssimo de ler. O que estou a fazer, saboreando o gosto da sua leitura. É que, há dias, consegui comprar a obra num alfarrabista, na sua edição terceira, da Fenda, por preço módico. Foi publicada, em anos recentes, em edição fac-similada. Mais que não fosse (ainda vou nas primeiras páginas da leitura), o estilo vivíssimo das narrações, uma escrita muito pessoal, mas pitoresca e, sobretudo, a descrição do terramoto de 1755, vivido por Ratton, justificam a compra do livro. A não perder, absolutamente.