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segunda-feira, 12 de junho de 2017

Mercearias Finas 123


As hortênsias, no terraço, estavam um esplendor, mas os tímidos jarros, embora pequenos e encaracolados de feição, não se ficavam atrás, e alindaram com lirismo sóbrio a mesa. O Frei Gigante, que é um vinho branco esplêndido e estava no frigorífico, veio dos Açores para, picaroto, nobre e insular, nos acompanhar, condignamente. Com o seu raro Terrantez, o Verdelho e o Arinto islenho, de sabor seco e vulcânico, mas oloroso. Do congelador, a tempo de estabilizar, tirámos, manhãzinha cedo, o alaranjado Lavagante, já descascado e cheio de minúsculas ovas róseas, que nos esperavam, há uns dias, pacientemente. As gambas vieram do Mercado da Ribeira, da banca pródiga da Teresa, sempre atenciosa a aviar. Ah!, os pepinos e a cebola da salada vieram de Constância, por mão amiga. A alface e o tomate eram, também, da 24 de Julho - bem frescos. As bananas eram da Madeira e, embora na sua habitual pequenez maneirinha, trouxeram o seu paradisíaco rescendor.
E, assim, se compoz, gastronomicamente, um feliz almoço, ontem, no passado Domingo de Junho.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Produtos Nacionais 4 : Enologia Açoriana


Da enologia açoriana, sou um aprendiz ignorante. Do vinho generoso do Pico, que os czares russos importavam, talvez para lhes aquecer as noites frias do Kremlin, acho-o excessivamente seco - quase me faz sede... Embora seja quase único, na sua personalidade austera e fechada. Prefiro o Tokay ou o Carcavelos, que me lembram "primos" afastados.
E, até há pouco tempo, dos Açores e para acompanhar viandas, só tinha bebido um Lajido, branco, num restaurante de comida islenha, ali para as bandas da Cidade Universitária, há uns bons 10 anos. O vinho açoreano acompanhou, razoavelmente, um bife de espadarte, mas não me deixou saudades.
Mas, na semana passada, fui ao Espaço Açores, na Baixa (Rua de S. Julião). O pequeno supermercado é uma babel de sabores e tentações, com atendimento muito atento e simpático. Há de tudo: da carne (açoreana) às conservas, das compotas de ananás aos vinhos e aguardentes, do artesanato bonito às guloseimas requintadas, e ao fumeiro saboroso.
Dos vinhos, arrisquei dois. Já provei um deles que, não sendo barato (cerca de 7,50 euros), era muitíssimo bom e que foi uma agradável surpresa: Frei Gigante, branco, de 2010. Picaroto, é feito das castas Arinto, Verdelho e Terrantez - esta última, rara, e que também há, escassamente, na ilha da Madeira. O vinho açoreano, com 13º, é muito harmonioso na sua secura equilibrada. Fez-se companheiro dedicado, e à altura, de umas Vieiras recheadas, à maneira, e deliciosas. E aguentou-se lindamente com uma mousse de chocolate preto, quase sólida. Aí, aprimorou. O picaroto Frei Gigante, branco, até parece que se encheu de brios, para nos deixar saudades. Despertou o melhor dos seus aromas balsâmicos, de vulcão adormecido. É um vinho incomparável - qualquer dia lá volto.