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quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Adagiário CCCXXVI

 

Para que o ano não vá mal, hão-de encher os rios três vezes entre o S. Mateus (21) e o Natal.

terça-feira, 3 de setembro de 2019

Setembro


O amarelo que cega, da manhã, há-de vir a dar, por remate (creio), o róseo suavíssimo do ocaso - como tem acontecido, ultimamente. A que se virão juntar uns fiapos de lilás sobre o azul.
Se o jovem pessoal docente já ocupava, ruidoso, duas mesas da esplanada outrabandista, à beira da Escola, a Tabacaria-Quiosque estava às moscas, até sem os habituais fanáticos das raspadinhas.
Improvavelmente, fez-se a travessia do Tejo, nas calmas, que o trânsito ia fluído e relaxado. O parqueamento fez-se também com facilidade, na nossa rua.
A meio da tarde pesa, porém, um silêncio pesado de canícula. A que nem vento nem aragem dão desconto. Folhas que nem mexem, nas árvores. Aves que nem se afoitam ao ar livre.

sábado, 1 de setembro de 2018

Doçuras e tradição


Era por este mês, embora com Setembro mais avançado, que se dispunham, em boa ordem na Garagem, os apetrechos competentes: as facas bem afiadas, as grandes colheres de pau, o açúcar suficiente, as tijelas de barro popular, os enormes tachos, dourados por dentro, de cobre, usados anualmente. E os marmelos.
E começava a função, ia a manhã já alta. Das compotas caseiras, lá em casa, a marmelada encerrava a tradição, com chave de ouro. Descascar, descascar, pondo de lado o interior dos caroços e pevides, que iriam dar, ainda, alguns rosados frascos de geleia, mais tarde.
As tijelinhas de barro rústico iam, depois de cheias, a secar no lambril da janela que dava para a Penha, a Oriente. Para gáudio de abelhas e vespas que, vindas sabia eu lá de onde, voltejavam inquietas sobre esta doçura, ao Sol de Setembro. Ao fim da tarde, era tempo de se pincelar a marmelada, à superfície, com aguardente minhota e colar-lhe pequenas circunferências de papel vegetal, recortado previamente, para melhor conservar a marmelada e guardá-la, depois, nos armários da sala de jantar. A mim, competia-me rapar os tachos, e provar aquela doçura...
Não era tradição recente. Até já no século XVI, Vasco da Gama levava para a Índia, além do duro biscoito e do peixe seco, para a longa viagem marítima, algumas tijelas de marmelada, mimo das mulheres portuguesas, que a sabiam fazer. Doçura que decerto compensava algumas agruras da jornada.

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Adagiário CCLXVIII : Setembro (9)


1. Por S. Simão e S. Judas, colhidas são as uvas.
2. Em Setembro tem Deus a mesa posta.
3. Em Setembro, ramo curto, vindima longa.
4. Chuvas verdadeiras, em Setembro as primeiras.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Adagiário CCLIX : Setembro (8)


1. Setembro, andando e comendo.
2. Para vindimar deixa Setembro acabar.
3. Aí pela Senhora da Ajuda (8), às sete é sol-posto.
4. Pelo S. Mateus (21), faz conta das ovelhas que os borregos são teus.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Adagiário CCXXVIII : Setembro (7)


1. No pó semeia que Setembro to pagará.
2. Para vindimar deixa Setembro acabar.
3. Quem planta no S. Miguel (29), vai à horta quando quer.
4. Se em Setembro a cigarra cantar, não compres trigo para guardar.

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Memória (102)


Setembro era a fronteira de águas, entre o mar da Póvoa e o rio Ave.
A memória, porém, há-de ser sempre ingrata, pouco lógica e desapiedada, com os anos. Não perdoa o desaparecimento físico, nem tem em conta a diferença da pujança juvenil com a debilidade gradual dos corpos mais próximos e amigos - a marcha do tempo, inexorável, infinita.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Bucólica e aérea


Altíssimo, único e pairando em círculos cada vez mais alargados, só podia ser, ao longe, o peneireiro que eu já não via há muito. Mas quando, à pressa, fui buscar os binóculos e voltei à varanda, já não o consegui mais localizar, no azul, a sudeste.
Daí a estranha ausência de pássaros, no horizonte próximo: nem gaivotas, nem pardais e os dois casais de rolas, que por aqui vejo todos os dias, devem ter-se remetido ao abrigo de alguma árvore mais entrançada, que os esconda e proteja.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Do tempo que fez


Já se tinha retirado a mesa amovível, da varanda a leste, e se arrumara, na despensa, a cadeira de lona azul, quando Setembro, hoje, nos decidiu brindar, inesperadamente, com uma tarde amena e quase quente de Verão serôdio, que uma levíssima aragem não chega a perturbar. Há que repô-las, a mesa e a cadeira, por agora.
Os limoeiros, a oliveira, os tomateiros e os pimentos (bebés, ainda) têm de ser regados porque, a meio do dia, já a terra dos vasos está seca e gretada.
Só as andorinhas é que já não se vêem pelo ar. Deviam estar desesperançadas de todo e rumaram para Sul. Sob o ar tépido da tarde, eram 16h32, acabo a leitura da última página de La Mort d'Auguste, de Simenon:

"Antoine regarde les deux visages en face de lui.
Ils étaient aussi vides que le sien."

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Divagações 73 (nubladas)


Para melhor dominar os assuntos ou arrumar as ideias, o homem procurou sempre sistematizar e classificar as coisas. Um nome é, em muitos casos, uma fórmula tranquila, um sossego gramatical ou biológico, a maneira de circunscrever o imprevisível, de formatar as circunstâncias, de chamar. Nem a Natureza escapou a esta febre disciplinar humana, embora, por vezes, se permita perturbar e baralhar essa estabilidade classificativa: um animal exótico que nunca fora visto, um peixe estranho que pede uma nova reordenação, uma planta pequena e humilde, ou uma flor que, sendo discreta, escapou, durante séculos, à visão humana. E as regras do jogo são postas em questão...
Embora arrumado nas ideias, considero-me indisciplinado nas coisas: papéis, livros, pequenos objectos que vou juntando e não consigo classificar, para poder arrumar, rasgar ou deitar fora, em definitivo. Há sempre livros que se escusam a uma classificação exacta, como as nuvens, das quais só consigo identificar e nomear, com certeza, os cirros (do latim, cirrus, e porquê?), que têm sido bem raros nestes últimos dias tão nublados e cinzentos deste Verão de Setembro. Também ele inclassificável.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Onírica e burlesca


Esta chuva contínua de ontem, este cerco líquido, este dilúvio em redor das casas, talvez ambicione, em si, um cenário interior de defesa, o ambiente e os ingredientes necessários para, entre paredes, contar ou ouvir histórias. Mas estamos no princípio de Setembro e o tempo propício às narrativas eu costumo situá-lo, com mais propriedade, nas longas noites de Inverno.
O pior, no entanto, é que esta imemorial vontade narrativa, pela água excessiva e exterior, acaba por exsudar para o sonho ou, neste caso mais próximo, para um pesadelo que, como em quase todos, eu conto e faço viver a mim próprio. E em que não controlo o desenvolvimento, nem prevejo o fluxo narrativo e nem sequer tenho poderes para abortar a acção, ou dela sair.
Imagine-se um gueto hostil, onde há dois mensageiros benéficos que me vão aconselhando, duvidosos, tudo isto num cenário que parece de velhas metalurgias abandonadas. Vou descalço, num chão viscoso e escorregadio. Procurando, obstinado, um táxi livre que não há, por um dédalo de ruas estreitas e sombrias. Preciso urgentemente de transporte, para seguir para um casamento de quem não sei, nem os noivos, nem a hora, nem mesmo o local, talvez à volta de Belas...
Que o sr. Freud me dê uma ajuda! Ou me faça chegar, a tempo, à boda!

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Adagiário CLXXXVIII : Setembro (6)


1. Setembro, comendo e colhendo.
2. Setembro matou a mãe à sede.
3. Por Setembro meão, traz o guarda-chuva à mão.
4. Para que o ano não vá mal, hão-de encher os rios três vezes entre o S. Mateus (21) e o Natal.

domingo, 1 de setembro de 2013

Adagiário CXLVIII : Setembro (5)


1. Setembro é o Maio do Outono.
2. Esmolou S. Mateus (21), esmolou para os seus.
3. Quem se ajusta pelo S. Miguel (29), não se senta quando quiser.
4. Para boas colheitas pede bom tempo a Deus, nas têmporas de S. Mateus.

sábado, 1 de setembro de 2012

Adagiário C : Setembro (4)


1. Em Setembro planta, colhe e cava que é mês para tudo.
2. Lua nova setembrina, sete meses determina.
3. Setembro, cara de poucos amigos e manhã de figos.
4. Setembro que enche o celeiro, dá triunfo ao rendeiro.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Pelos finais de Setembro e do Verão


Estavamos a beberricar um Bucelas na esplanada, eu e o meu amigo Luís. O mar parecia manso, depois das marés vivas, as areias já quase livres e lisas de pegadas. E o azul anémico do céu mostrava alguns flocos de nuvens borbulhantes e mexidas. Era quase Outono, propenso à memória de outros dias mais luminosos. O Luís começou, então a contar-me (são palavras dele ligeiramente rectificadas, salvo num ou noutro pormenor):
"...anteontem, fui ao mesmo restaurante onde já não ia desde Agosto. Tu sabes, o olhar fica errante e curioso quando almoçamos ou jantamos sozinhos, fora. O mesmo acontece se somos o único estrangeiro, à mesa, num grupo de nacionais, porque falamos menos. Sobretudo se só soubermos dizer: sim, não e obrigado.
Depois reparei que, à minha frente, estava o mesmo grupo de pessoas que estavam da última vez que lá tinha ido. Só faltava um casalinho simpático que abancara com os outros, em Agosto. Mas o filho pequeno permanecera com os mais velhos, que deviam ser os avós. A jovem mulher do casal ausente devia ser nórdica, porque só a tinha ouvido dizer: sim e obrigado, com sotaque. Tinha o olhar claro, errante e curioso e trazia um vestido cor de fogo (lembras-te do José Régio?), de alças, que contrastava, quase escandalosamente, com o marfim da pele. Vi-a sorver com volúpia as ostras que vieram de entrada. E lamber, de olhos semi-cerrados, com prazer, o suco que escorria das gambas al ajillo. Dava gosto vê-la, sabes, assim jovem, assim abandonada no seu vestido escarlate quente. Mas anteontem já não estava lá. Para minha pena.
Por respeito à memória de Agosto passado, não pedi ostras, nem gambas. Optei por umas Tripas à moda do Porto, e acompanhei-as com Quinta de Cabriz, tinto. Porque estava frio, na sala. Tu sabes, às vezes, sou um romântico, sobretudo quando o Outono está por perto..."

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Adagiário XLIX : Setembro (3)


1. Por S. Gil (1), adoba o teu candil.
2. Setembro molhado, figo estragado.
3. Setembro é o Maio do Outono.
4. Pelo S. Mateus (29), pega nos bois e lavra com Deus.

sábado, 11 de setembro de 2010

Adagiário XV : ainda Setembro


1. Setembro molhado, figo estragado.
2. Águas verdadeiras, por S. Mateus (21) as primeiras.
3. Em Setembro planta, colhe e cava que é mês para tudo.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Adagiário XIV : Setembro


1. No S. Mateus (21), vindimam os sisudos e semeiam os sandeus.
2. Lua nova setembrina, sete meses determina.
3. Febre outonal, ou longa ou mortal.
4. Setembro, cara de poucos amigos e manhã de figos.