terça-feira, 29 de maio de 2012

1 tema com 3 andamentos


1. As idiossincrasias de cada um têm destes caprichos: de tanto ler dois ou três cronistas do JL (quando o comprava, regularmente), agora que eles são escritores badalados, não os consigo já ler - saturei, absolutamente. Mas também porque a arquitectura da sua prosa é frágil, com truques repetitivos e expedientes para agradar, na transversal. Por debaixo do casaco distinto, nota-se a camisa rota... Mas é bem verdade, o que o povo diz: "Mais vale cair em graça, do que ser engraçado."
2. Há dias, Pacheco Pereira referia as dezenas de livros (inúteis) de autores desvalorizados pelo Tempo e sem o mínimo interesse de leitura (Ponson du Terrail, Paul de Kock...) que juncavam a biblioteca familiar, que herdou. É verdade, estes autores de sucesso, aqui há 70/ 80 anos, aparecem aos pontapés, nos alfarrabistas, agora, e são agrupados, em leilões, por lotes de 20 ou 30, a ver se tentam algum licitador que olhe mais à quantidade do que à qualidade do que compra. Mas, a maior parte das vezes, são retirados de praça, sem se venderem.
3. Um escritor meu amigo costumava dizer que: passava bem sem a glória póstuma, queria era o reconhecimento no Presente, enquanto vivo. Parece que, neste particular, Walter Scott (1771-1882) foi um homem cheio de sorte. Ganhou bom dinheiro com a escrita, foi best-seller constante e houve até uma scottmania (segundo o TLS) que ainda chegou ao séc. XX. O aeroporto de Edimburgo tem o seu nome, nos Estados Unidos há 22 vilas e cidades denominadas Waverley (título duma das suas obras), para não falar no incalculável número de ruas Walter Scott, que existem por toda a Commonwealth.
Ficou o nome, ficaram os mitos que criou (o "ogre de Oslo" referia-se muito a Ivanhoe), ainda se vende, mas quase ninguém o lê. Saturou.

2 comentários:

  1. Ainda li alguns livros de Walter Scott na minha juventude e gostei. Ponson du Terrail li há uns 15 anos por motivos profissionais. De Paul de Kock acho que folheei um livro (romance?) que tinha a ver com Paris.

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  2. Também li vários em livro e alguns em BD. Dos citados por P.P., nunca li nenhum, embora me fartasse de os ver, usados, à venda.

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