São pequenas localidades sem história que ocupam um quadrilátero de 12,5 quilómetros de comprimento e 3 metros de altura, com arame farpado, na margem do Evros, entre a Grécia e a Turquia. Por lá passaram em 2011, cerca de 55.000 clandestinos, tentando chegar à Terra Prometida, que hoje já não é. Estas vilórias de nenhures, gregas, substituiram as Canárias e Lampedusa, como locais de passagem para a UE. Muitos morrem pelo caminho, como também refere o último "Le Nouvel Observateur", num artigo intitulado "Les fantômes du fleuve". Desprovidos de papéis, estes mortos anónimos, vão para a vala comum com apenas um número de referência. Que corresponde a um pequeno dossiê burocrático, com uma data, relação das roupas que vestiam, adereços e indicação da provável idade. São provenientes da Argélia, do Irão, da Nigéria...
Como diz o dono de um pequeno café duma destas localidades fronteiriças (Nea Vyssa) de passagem: "Eles chegam todos os dias. Por vezes dez, às vezes 50, 60 ou mais. Dantes, para nos protegermos dos Turcos, havia minas anti-pessoal ao longo das margens do Evros. Mas tudo foi retirado em 2009. E, depois, foi a invasão. (...) A Europa pôs-nos na merda, eis a verdade. Todos estes emigrantes que acreditam que podem chegar à Itália ou à França. Mas ninguém os quer, e são-nos recambiados! Para aqui, onde não há trabalho, não há dinheiro, não há nada!"
A ver se leio o artigo.
ResponderEliminarMuito cru, na verdade, MR.
ResponderEliminarMuito cru, mesmo, APS. Mas o que é a vida desta gente? Estou com muito medo
ResponderEliminarque a Grécia saia da UE. A Europa a empurrar a Grécia para os braços da Turquia,
sabendo nós o que são os Balcãs... Vamos ter mais uma Guerra?
Por um lado, leio as palavras de George Soros (clarividente especulador bem sucedido) a dizer que a crise está para durar; depois, a xenofobia e a extrema-direita a ganhar terreno na Europa. E não sei que pensar, porque já há, neste momento, muita gente que não tem nada a perder...Não há motivos de esperança, mas creio que a guerra não será para já.
ResponderEliminarFoi bom ouvi-la, Miss Tolstoi, e pensar consigo.