sexta-feira, 11 de maio de 2012

Graciliano, e famílias


Já o disse, aqui: quando um livro me agrada muito, saboreio-o devagar, tentando prolongar, por mais tempo, esse prazer da leitura. Tem sido o caso de "Infância", de Graciliano Ramos, que tenho vindo a devorar lentamente. E que considero uma obra-prima da língua portuguesa.
Há dias, ouvi Mia Couto confirmar, numa entrevista, o que eu já sabia ou pensava. Que João Guimarães Rosa era um dos seus escritores preferidos, e um dos seus Mestres. Bem como referiu que Luandino Vieira lhe tinha confidenciado, também, a enorme admiração que tinha pelo escritor brasileiro de Cordisburgo. Também já eu tinha suspeitado - os vestígios são evidentes. Mas Rosa não existiria, assim como o conhecemos, se não houvesse, atrás, um Graciliano Ramos. Como Aquilino não seria o mesmo, sem Camilo ter acontecido e escrito, antes. Há sequências de ADN e sangue, até mesmo em literatura. Numa continuidade progressiva.
Esta pequena história de "Minha irmã natural", apenas um pequeno capítulo do livro "Infância", de Graciliano Ramos, é uma pérola. Deixo o início, em imagem, como isco, ou para aguçar o apetite.

P. S.: faço votos para que algum dos visitantes do País-irmão, que representa quase 40% das consultas ao Blogue, ao ler este poste - e não conhecendo Graciliano Ramos -, se tente. Ganhará, certamente, muito mais, do que a ler Paulo Coelho, ou a perder tempo com outras burundangas que são o mainstream literário dos tempos que vão correndo... Felizmente, "há mais mundos", como dizia José Régio.  

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