segunda-feira, 7 de maio de 2012

Livros defesos



Para as gerações de hoje poderá parecer pouco crível que, no passado e em Portugal, se proibissem e apreendessem livros e, até, se instaurassem processos (políticos) a muitos escritores nacionais. Mas isso era comum, no período do Estado Novo, e até Abril de 1974. Para não falar  de livros estrangeiros que, só clandestinamente, cá entravam e eram vendidos, à socapa e por baixo da mesa, a pessoas de confiança. Era o caso, por exemplo, das edições Maspero, francesas. Ou das traduções de alguns autores estrangeiros, como Sartre, Roger Vailland e do seu proibidíssimo "Um homem do povo na revolução".
Aquilino Ribeiro, por causa do seu "Quando os lobos uivam", foi a Tribunal, sendo a 1ª edição da obra completamente apreendida. A segunda edição, só veio a sair no Brasil. O mesmo aconteceu a Torga: os "Contos da Montanha" foram proibidos, e a segunda edição só viu a luz no País-irmão, através da editora Pongetti. Também os "Cadernos", da Dom Quixote, de teor político, foram objecto de razias persecutórias. E José Vilhena, escritor humorístico, muito em voga nos anos 60 portugueses, também foi posto no Index, mais pelas brejeirices do seu humor, do que por razões políticas.
Mão amiga fez-me chegar, há dias, um artigo do jornal Expresso de 21/4/12, sobre este assunto, e muito bem documentado, na referência que faz a um estudo de José Brandão, sobre a censura literária do Antigo Regime. Lá aparece o top-10 dos sacrificados: autores e editoras. Vilhena vem à frente. Em terceiro lugar aparece Tomás da Fonseca, autor de quem nunca li nenhum livro. Outra surpresa, para mim, foi Orlando Costa (pai de António e Ricardo Costa), autor de "Podem chamar-me Eurídice", que também foi vítima desta sanha censória.
Registe-se que o regime intensificou, gradualmente, a repressão sempre crescente. Dos 12 títulos apreendidos, em 1933, nos anos 70 o número de livros proíbidos ultrapassou a centena.

com agradecimentos a H. N..

4 comentários:

  1. Estou há que tempos para ler este artigo.

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  2. Até porque deve ter algo de familiar..:-)

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  3. Pois meu querido amigo, é tempo de ler: Na cova dos leões. Vai adorar.
    E já agora uma pequena história:
    Numa visita a um preso político, levaram-lhe um dicionário Larousse, pois o guarda não deixou entrar... era um dicionário de Russo...
    Com um abraço

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  4. Agradeço o conselho e a história pitoresca..:-))

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