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segunda-feira, 29 de março de 2010

Mercearias Finas 5




Há coisas que não se conseguem explicar. Camilo Pessanha fala, várias vezes, em vinho, nos seus poemas de "Clepsidra". Mas há um verso, que eu decorei, há muito ("...- Da minha vinha o vinho acidulado e fresco..."), e que associo, sempre, ao vinho verde do Minho (e Lafões). Dir-se-á que estou a "puxar a brasa à minha sardinha" e, eu, verdadeiramente, queria é falar sobre mexilhões. Mas voltemos ao princípio, este "vinho acidulado e fresco", bebido em excelente e jovial companhia, foi um Alvarinho "Deu-la-Deu", de 2008. Respondeu, no nosso entender (e espero que JAD também concorde), à exigência dos "Mexilhões à flamenga" que HMJ, com afecto, preparou e fez acompanhar de aipo, cenoura e "échalotes". O alvarinho, como casta branca, encontra-se apenas na sub-região de Monção e nas contíguas "rias bajas" galegas. Ao contrário dos vizinhos vinhos verdes minhotos, onde predomina a casta branca "loureiro", o vinho Alvarinho (em galego, Albariño) pode guardar-se, até 5 anos, na garrafeira. Tem aroma distinto, aromático e frutado, e embora diferente associo-o, na sua classe, ao "riesling" alemão. O nosso monocasta pode ir de seco equilibrado até ao untuoso e pródigo "Vinha Antiga", também português. Dos "albariños" galegos só conheço um que bebi em Barcelona, em Fevereiro de 2008, com HMJ, na "Cervezaria Catalunya". Tinha um nome que permitia toda a expectativa poética dos cancioneiros galaico-portugueses: "Martin Codax". E era muito bom.

Ora, depois dos "Mexilhões à flamenga", seguiu-se uma tábua de queijos: açoriano, um "babão" de Seia e o "Brugge vieux". Aqui, tenho de confessar que a escolha de vinho que fiz não foi a melhor. O tinto do Dão "Campolargo" de 2008, estava ainda um pouco fechado para companhia. Precisa e deve aguentar mais uns 4 ou 5 anos de guarda, no "chiaroescuro" da garrafeira, para amadurar e amaciar... Finalmente, o "tecolameco", respeitosamente, sob receita sábia do "Fialho" de Évora. E, aí, regressei de novo às origens, com o Alvarinho de 2008, que ainda estava "acidulado e fresco", como dizia o Camilo Pessanha.

P. S.: Para JAD, que traz sempre consigo jovialidade e sabedoria.