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segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Stephen Spender (1909-1995)


My Parents


Os meus pais protegeram-me das crianças que eram rudes,
que lançavam palavras como pedras e que usavam calças rotas,
deixando ver as pernas p'los remendos. Elas corriam pelas ruas
e subiam os penhascos, como nadavam nuas pelas correntes.

Eu receava mais que os tigres os seus músculos rijos como aço,
suas mãos poderosas, os seus joelhos pisando os meus braços,
como temia que me apontassem a dedo pelas ruas
arremedando cruelmente o meu falar baixinho.

Porque elas eram flexíveis e saltavam sobre as sebes
como cães a ladrar contra o nosso mundo. Atiravam-me lama
e eu olhava para o outro lado, fingindo sorrir. Demorei
muito tempo a perdoar-lhes, mas nem assim elas me sorriram.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Stephen Spender (1909-1995)


A Fotografia

Se me recordo desse dia!
Caminhava sozinho e sem ti,
Mas lembrando a tua voz
Memorizava o teu rosto, na fotografia:
O rio dava uma curva logo depois das árvores,
O nevoeiro ia nublando a corrente escura,
Fragmentos de Sol como espelhos partidos
Derramavam-se nas águas, e tu inclinavas-te
Sobre o mapa de todos os lugares
Onde tinhamos ido.


Notas: o poema original tem apenas 9 versos, mas não consegui traduzi-lo, sem desdobrar um dos versos em dois. Stephen Spender foi o tema-base da tese de licenciatura de Fernando Assis Pacheco. Finalmente, Jorge de Sena na sua "Literatura Inglesa" (ed. Cotovia) não considera S. S. um poeta de primeira água.