sexta-feira, 6 de abril de 2012

Algumas razões de Philip Larkin


Em 1956, o poeta inglês Philip Larkin (1922-1985), ao ser-lhe perguntado porque escrevia, entre outras razões, aduziu o seguinte:
"...Escrevo poemas para conservar coisas vistas/pensadas/sentidas (se me posso permitir indicar assim uma experiência, de si tão compósita e complexa), simultaneamente, para mim e para os outros, muito embora a minha responsabilidade me leve, creio, a debruçar-me sobre a experiência em si própria, que eu procuro salvar do esquecimento, sem qualquer outro propósito. Por que razão assim procedo, não faço a menor ideia, mas penso que o impulso para evitar o esquecimento está nos fundamentos de qualquer arte. Em geral, os meus poemas estão assim ligados à minha vida pessoal, mas nem sempre, longe disso, uma vez que eu posso imaginar cavalos que nunca vi, ou re-sentir as emoções de uma noiva sem nunca ter sido nem mulher, nem noiva. ..."

2 comentários:

  1. Não sei se se consegue alguma vez re-sentir sensações que nos são estranhas. Podemos pensar que sim. Agora re-interpretar... Mas ser poeta é um dom que me está afastado.

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  2. Julgo ser a mesma capacidade de um actor de cinema ou teatro ao (re)viver um papel ou personagem. Imprescindível será, no entanto, a imaginação ou um mimetismo interior, complexo, que permita o re-criar situações de experiências que sejam próximas ou semelhantes.

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