A frase é pequena e clara: "a felicidade faz-se de pequenas coisas". Mas completa-se com outra de Alain (1868-1951), pseudónimo do francês Émile-Auguste Chartier: "O espírito mais jovem pensa sem argumentos nem provas". E esta sabedoria que parece pobre e evidente, é preciso que nos chegue à voz, vinda da realidade objectiva, para se tornar nossa, verdadeiramente.
O primeiro livro de Eugénio de Andrade, que me chegou à mão (Antologia, Delfos, 1961), não me deixou uma impressão marcante. Da leitura, quase arrogante resumi: "...água chilra". Eu ainda estava possuído das exclamativas de Régio, ditas por Villaret, de Junqueiro, das estridências de Ary dos Santos, e muito curioso do hermetismo de Herberto Helder. Só mais tarde vim a compreender que, por detrás da simplicidade poética de Eugénio, há muito trabalho, muita experiência amassada pela vida, muita atenção às coisas humanas, à Natureza, a tudo aquilo que nos rodeia. Como nos haiku japoneses.
Por isso quando, há dias, num frutuoso diálogo com H. N., falamos de Alain, ele soube explicar-me, com a sua capacidade inata para ler ensaio, as virtualidades subtis do pensador francês que influenciou tantas gerações. Resumiu (por palavras minhas) a obra de Alain, como a rara qualidade de pensar o quotidiano e de o interpretar. Foi, para mim, um clique importante.
Está por isso na hora de eu voltar a lê-lo. Mas com mais atenção.
Gostei muito, sobretudo da frase "a felicidade faz-se de pequenas coisas". É verdade.
ResponderEliminarSó que, às vezes, por desatenção, não damos por isso...
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