Jorge de Sena cita-o abundantemente no último poema («Pot-Pourri» Final) de Arte de Música. Poema, esse, que é uma espécie de girândola final de amor à música. Há também indirectas alusões à emigração, que Sena viveu e sofreu, e que hoje está na ordem do dia, quer por conselhos dos nossos excelsos governantes, quer porque as possibilidades de viver em Portugal são difíceis para muitos jovens. É uma espécie de sangria como a que houve nos anos 60 portugueses. Num convite a que leiam o poema integral, aqui fica o início e final do remate de "Arte de Música":
Carissimus, carissimi, compositor de opereta
para violoncelo de igreja. Ergui
- oh - os olhos da persiana, e respondi:
- Cameta adinomata apropictéron -
Sorriu e, lentamente, começou a despir-se.
(...)
Addio! O "Mayflower" apita.
Ouvem-se as fanfarras do Novo Mundo (a sinfonia,
feita com temas do Velho). Vai, não percas
a passagem, as estribeiras, a cabeça:
as pradarias esperam-te.
Pasta nelas.
E, para mim mesmo, murmurei: Carissimi!...
29/2/62
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