terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Singularidades deste nosso mundo


Albert Camus dizia, com alguma ironia evidentemente, que bastava matar a porteira do nosso prédio para, no dia seguinte, o nosso nome aparecer na primeira página dos jornais. Quem se lembraria do nome de Buíça, se ele, a 1 de Fevereiro de 1908, não tivesse disparado, matando o rei D. Carlos, no Terreiro do Paço? Ou, saído da obscuridade e de um anonimato previsível, Lee Oswald não tivesse assassinado John F. Kennedy?
Jaime Ramón Mercador del Rio, nascido em Barcelona a 7 de Fevereiro de 1913, filho de uma beata do comunismo, seria um nome sepultado nos arquivos do KGB, não fora ter assassinado, a 21 de Agosto de 1940, talvez com requintes de malvadez e com um machadinho de picar gelo, no México, o célebre dissidente do estalinismo, Leon Trotsky (1879-1940). Que aí estava exilado, depois de ter sido expulso da União Soviética. Foi assim que o obscuro Ramón Mercader, agente secreto do NKVD, passou à História. E, após 20 anos de prisão, morreu em Cuba, tranquilamente, a 18 de Outubro de 1978.

4 comentários:

  1. Jorge Semprun escreveu um romance sobre o assunto: A segunda morte de Ramón Mercador.

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  2. E a versão de Leonardo Padura Fuentes sobre o ménage à trois Trotsky -Mercader -Frida Kahlo foi um dos meus livros do ano 2011.(http://www.olinguado.blogspot.com/2012/01/os-linguados-tambem-tem-listas-os.html)

    [Enfim, sinto-me um bocado irritante, sempre a lembrar o Linguado. Espero perdão].

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  3. Acho que fez muito bem lembrar, acosta, até porque assim se enriquece o conhecimento, além do poste. Lembro-me dessa sua escolha, embora não dos livros, um a um. É evidente que estimo sempre os seus comentários.

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