domingo, 26 de fevereiro de 2012

Filatelia XXXV : a terra a quem a trabalha


Provavelmente mais por populismo do que por pragmatismo político, a jovem super-ministra Cristas lançou a ideia, numa acção da melhor agit-prop, de que o Governo se prepara para tomar posse das terras sem dono, e não trabalhadas, para as redistribuir por quem faça delas produção e seu ganha-pão. A ideia, em si, é simpática, mas a História de Portugal ensina, pelo passado, que não é nada fácil modificar o modo e posse das terras. Muitos tentaram modificar a filigrana rendilhada do minifúndio minhoto ou retalhar o ancestral latifúndio alentejano, mas sem grandes resultados. Do PREC da Reforma Agrária ao reordenamento legislativo de António Barreto e, depois, acção prática de Sá Carneiro; do rei D. Fernando, com a sua Lei das Sesmarias de 1376, até ao Marquês de Pombal, a terra portuguesa mexeu e mudou de dono, mas posteriormente voltou tudo ao mesmo, numa fatalidade que parece secular.
Daí estes selos alusivos, indirectamente, às reformas e leis que foram sendo feitas, sobre a posse da terra portuguesa. Da série filatélica a comemorar as Sesmarias, emitida pelos CTT, em 1976, ao grafismo revolucionário de João Abel Manta, com a representação do camponês e o soldado, em 1975. Acrescentei ao conjunto, pela sóbria beleza, o talhe doce sobre desenho de António Lino, do selo de 1955, com o retrato do rei D. Fernando, integrado na série Reis de Portugal da 1ª Dinastia.
Aguardemos, então, pela Reforma Cristas, para ver...

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