segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Bibliofilia 59 : Cruz e Silva




Este folheto, de 12 páginas apenas, com impressão nobre e cuidada, é uma das poucas obras editadas, ainda em vida, por António Diniz da Cruz e Silva, nascido em Lisboa, a 4 de Julho de 1731, e falecido no Rio de Janeiro, em 1799. Era, nesta altura, Chanceler da Relação do Rio (Brasil) porque, além de poeta, desempenhava funções de Juiz, uma vez que era formado em Direito. Figura singular e grande dinamizador da Arcádia Lusitana, onde tinha o nome de Elpino Nonacriense, o seu conhecido poema herói-cómico "O Hyssope" ofuscou, imerecidamente, as suas restantes obras poéticas - que não são poucas.
São numerosos os folhetos com poesias dedicadas à inauguração da Estátua Equestre de D. José, no Terreiro do Paço. Poetas maiores e menores, e até vates obscuros, ensaiaram rimas sobre o assunto. Em quantidade, o tema, talvez só tenha sido ultrapassado, no séc. XVIII, em número pelos poemas consagrados ao terramoto de Lisboa de 1755.
O folheto, em imagem, é muito raro. E, além da boa impressão, está capeado por papel de magnífica qualidade e bonito, que também se mostra. A ode, em si, não acrescenta fama nem glória a Cruz e Silva. Mas sendo, como é, de raridade, foi caro. Dei por ele, estando como está, em bom estado de conservação, embora com algumas manchas de humidade no papel, 45,00 euros. Num alfarrabista de Lisboa, no ano passado de 2011. Mas como sou um incondicional de Elpino Nonacriense, dei o dinheiro por bem empregue. Além disso, nunca vi mais nenhum outro exemplar semelhante. Nem nos diversos catálogos de leilões e de alfarrabistas, que consultei. Aqui jaz, portanto, até um dia...

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