segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Um soneto de Nemésio para Sá de Miranda


Ao Bom Sá

Velho Sá de Miranda, que cantaste
Campos de Roma e lameiros do Minho,
O teu verbo moral é como a haste
Do carvalho cerquinho.

Lá nos altos ardores camonianos
- Turras, sonhos, prisões, amores dispersos -
Há lúcidos venenos italianos:
Tu, levantas perdizes dos teus versos!

Já o Rato dos Campos te aconselha
O celeiro pacífico, timbrando
Da rasoira de lei, medida velha.

E no arco da viola, firme e brando,
Para te distraíres, de quando em quando,
Estiras uma sílaba vermelha.

Nota: Vitorino Nemésio (1901-1978), açoriano, faleceu a 20 de Fevereiro de 1978.

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