Ainda me lembro do tempo em que o chicharro e o carapau eram dados, aos gatos, para eles comerem, e das peixeiras, nos mercados, gritarem: "5 à corôa!" - a anunciarem a venda da sardinha. Também me recordo do bacalhau "a pataco". Tudo se tem vindo a modificar muito rapidamente. E como gosto muito de linguado, tenho vindo a acompanhar a evolução ascendente e crescente do seu preço. Costumo dizer, para os meus próximos, que somos talvez uma das últimas gerações de portugueses a poder comer peixe a preços módicos. Não é assim lá fora porque o peixe já é, quase, uma refeição de luxo, e cara.
Em abono desta realidade, a notícia de que os "stocks" de peixe, nos oceanos e em 2012, representam apenas pouco mais de 10% daquilo que havia, nos mares, em 1950. Qualquer dia, a dieta dos velhinhos e doentes passará a ser somente frango de aviário...
Metade do peixe consumido no mundo é criada em viveiros:
ResponderEliminarhttp://ecosfera.publico.pt/noticia.aspx?id=1498847
Cá, de todo o peixe consumido (de viveiro ou não), 2 terços é importado:
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=359832&tm=6&layout=121&visual=49
Infelizmente, é essa a realidade. Porque também a pesca deixou de ser alimentação e sobrevivência, para passar a ser exploração, lucro, transformação, exportação...onde o Japão, a Espanha, o Canadá e muitos outros países têm enormes culpas no cartório.
ResponderEliminarA diferença é que eu ainda consigo, quase sempre, saber distinguir o sabor e a textura de um peixe pescado no alto mar e um peixe de "aviário". A diferença é considerável! Para as próximas gerações será tudo igual e irrelevante, mesmo que o peixe saiba a farinha e a terra.
Ou talvez não (uma ténue nota de esperança!): voltou a ser apreciado o "galo pica-no-chão", com a sua distinção na ementa de alguns restaurantes, para o diferenciar do casto e asséptico frango de aviário.
Que não se perca, de todo, a esperança.