Muitas das desgarradas, no Norte, quadras e cantigas populares têm uma singeleza rústica que merece ser lembrada e, os romanceiros tradicionais, uma frescura natural que, muitas vezes, nos prende e encanta. São ritmos que vêm de longe, de um veio lírico profundo, outras vezes, de uma brejeirice marota ou com segundos sentidos. Até Fernando Pessoa, todo ele citadino e mental, não resistiu a "praticar" a quadra (de gosto) popular. Há dias, reencontrei na zona de Monografias da minha biblioteca uns volumes, publicados, em Braga, entre 1958 e 1981, intitulados: "Entre Homem e Cávado", de Domingos Maria da Silva. O IV volume é inteiramente preenchido por "Cantigas" desta zona territorial de entre-os-rios minhotos. Das suas quadras, irei dando conta (2 a 2), por aqui, escolhendo as que mais me satisfizerem o gosto. Aí vão as primeiras:
Minha mãe mandou-me à fonte
Pela hora do calor;
Eu quebrei a cantarinha
A dar água ao meu amor.
Não tenho mais que te dar
Nem tu mais que me pedir:
Um cravo meio aberto
Um suspiro por abrir.
Sem comentários:
Enviar um comentário