Dias há, que foram mal arrumados. Ou porque eram muito cheios, ou porque o tempo escasseou, voltam na manhã seguinte, para serem resolvidos, classificados, alinhados na memória. Fica de fora apenas o que for digno de sequência, o que não acabou de todo e tenha, necessariamente, projecto de continuidade. A manhã não foi, porém, tranquila. O ribombar periódico, ao longe, da trovoada indecisa, o céu cinzento, este clima muito próprio de Maio...
Já era assim na infância, e na província. Ao Abril chuvoso seguia-se o Maio trovejante, nem sempre molhado mas, muitas vezes, de calor abafado no céu de capacete. E, em casa, as ladaínhas, se trovejava: "São Jerónimo, Santa Bárbara Virgem! / Chagas abertas, corações feridos / se interponham entre nós e o perigo!..." E o acender das velas ou lamparinas com azeite, porque a luz ia abaixo, normalmente, demorava a voltar, e os apagões eram frequentes.
Também por aqui é difícil arrumar os dias e a memória nas gavetas...mesmo que sejam apenas 12.
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