domingo, 15 de maio de 2011

Mercearias Finas 31 : uma vitelinha, mansa, de Fafe


Na sua afectuosa monografia "Fafe e o seu Concelho", A. Lopes de Oliveira refere, a páginas tantas: "...Fafe, põe os seus trunfos na mesa: com pratos (assados, grelhados, ou na brasa) da célebre vitela, que corre o mundo e lhe deu fama (...) Quem não se recorda dos célebres lombinhos à D. Fafe, que são uma delícia! Mas não só a vitelinha fafense, a truta saborosa, pescada nos ribeiros..." Pois como era em meados de Abril, embora a temperatura fosse amena, não fomos na truta e preferimos, na "Adega Popular", optar pela "Vitelinha à Fafense" que, acompanhada por um rijo tinto duriense, nos consolou e preparou para um sarau cultural que nos esperava, depois do jantar. Deixou-nos saudades a refeição, e a companhia fraterna. Por isso, do Mercado de Guimarães, trouxemos, no dia seguinte, algumas boas peças ruminantes que, em casa, congelamos, para memória futura. Aquela carne clara, saborosa e tenra, se não era de Fafe, fizera-se, seguramente, das livres e verdejantes pastagens minhotas. E, hoje ao almoço, foi altura e dia de a trazer à mesa, em memória votiva e prazer antecipado, mas seguro.
A "Vitelinha à Fafense", no seu termo rigoroso e legítimo, pressupõe trabalho paciente, moroso e cuidado. A carne passa por três estádios sequentes: depois de temperada (sal, pimenta, alho e vinho), é primeiro frita, depois estufada e, finalmente, assada no forno com as inseparáveis batatinhas novas, em cama de bom azeite e cebola às rodelas grossas. Mas vale o trabalho pela obra final. Pode (e deve) acompanhar, também, com cenouras e um verde esparregado de nabiças frescas. Quanto ao vinho, foi feliz a escolha: um regional Tejo tinto "Guarda Rios" de 2008, de Vale d'Algares, engarrafado em Vila Chã de Ourique. Está para durar uns anitos este robusto, mas macio, tinto, de 14º, lotado com Merlot (que mal se nota), Syrah cuja púrpura coloriu a rolha, e pelo português e inconfundível sabor da Touriga Nacional, que lembra o aroma de violetas. E foi assim esta "Vitelinha à Fafense" que veio do Minho, mas acabou outrabandista. E bem!

para a Isabel e para o António, com saudades.

3 comentários:

  1. Que belo aspecto!
    O meu almoço foi asa de raia. Não estava nada má.

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  2. Também gosto de raia, sobretudo em caldeirada...:-)

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  3. Esta raia era segundo uma receita de nouvelle cuisine, mas estava boa.

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