Não tenho quaisquer dúvidas que os gestos físicos dos políticos, na maior parte dos casos, são estudados ao pormenor, premeditados e encenados para surtir um efeito mediático e, aparentemente, natural. Às vezes, servirão também para disfarçar uma contrariedade e melhor ocupar o espaço de um silêncio. Com certeza, quase toda a gente se lembrará do coçar das bochechas de Mário Soares ou do abrir dos olhos, bogalhudos, de Freitas do Amaral, e do posicionamento paralelo dos braços, em movimento oblíquo (de cima para baixo), de José Sócrates, ao discursar, em público - quando faz uma comunicação ao País, de S. Bento, é mais comedido.
Hoje à noite assisti, via tv, à comunicação do PR e ao 1º debate político, com vista às próximas eleições, entre Paulo Portas (CDS) e Jerónimo de Sousa (PCP), que foram ambos cordatos, inteligentes nos argumentos, e autênticos, creio. Da comunicação de Cavaco Silva, não tenho nada a dizer: foi igual a si mesmo. Disse o óbvio e previsível. E da sua gesticulação, que quase não existe, acho-a parecida com a dos manequins da Rua dos Douradores (ou será da Rua dos Fanqueiros, na Baixa lisboeta?), num dia de vento - apenas pequenas oscilações do corpo hirto.
Desta noite televisiva e política, apenas um facto novo. Na gesticulação de Paulo Portas apareceu, pela primeira vez (que eu desse por isso), a junção do dedo indicador com o dedo polegar (expressa no desenho que encima este poste), cuja patente pertence, do meu ponto de vista, a Santana Lopes que, ainda agora, mediaticamente, a usa com foros de originalidade. Pergunto-me: o que significará esta imitação descarada de Paulo Portas? O futuro o dirá. Sublinho também que o político do CDS abandonou, pelo menos hoje e no debate, o seu bordão repetitivo e já gasto, para chamar a atenção, do "Oiça!". Resta-me acrescentar que esta posição dos dedos, juntando o polegar ao indicador, tem um significado simbólico nas crenças ou mitologia indianas (andará por aqui mão de Narana Coissoró?). E por aqui me fico, hoje.
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