terça-feira, 10 de maio de 2011

Sob o signo da Índia


De manhã cruzei-me, por 2 vezes, com Sikhs e os seus típicos turbantes, barbas e bigodes cerrados e crescidos, monoteistas, originários do Punjab e, ao que parece, afáveis. Apercebi-me depois que estavam a pintar uma casa, ali para as bandas do Chiado. Mais tarde, numa livraria de Campo de Ourique que estava em saldos (leve 3, pague 2) de livros brasileiros, para extinção de fundos, adquiri dois volumes de Graham Greene e um de John Le Carré, em tradução. Num deles, "Reflexões", Graham Greene fala de viagens e vários locais do Mundo. A Goa ( Goa, a Incomparável) dedica 7 páginas bem interessantes. A sua visita terá decorrido, provavelmente, em 1963, pouco depois da saída dos portugueses e da integração na União Indiana, dos territórios de Goa, Damão e Diu. Graham Greene refere que os indianos de Goa não falam mal dos portugueses, e têm boas recordações do último governador luso (Vassalo e Silva). Mas demos a palavra ao romancista, num pequeno excerto sobre Goa: "...Parecia um sombrio lugar apocalíptico, a Velha Goa, com o corpo encolhido de São Francisco Xavier na grande igreja do Bom Jesus, construída em 1594, o dedo do pé que uma senhora cortou com uma mordida preservada num relicário, e o crucifixo de prata em seu túmulo retorcido por um ladrão católico, uma semana antes. Num armário da mesma igreja estavam as caveiras dos mártires, e outras partes dúbias preservadas em vidros com essências, que me lembravam os que são vistos nas vitrinas dos especialistas chineses em Kuala Lumpur, anunciando tratamentos para hemorróidas. (...) Nas paredes e nas casas há sinais para evitar o mau-olhado; uma caveira é pendurada numa mangueira carregada, para prevenir qualquer olhar de inveja; nas pilastras dos portões há leões para preservar a casa do mal - são sinais católicos e hindus - quem se importa? (...) Portugal contribuiu para a formação do caráter especial de Goa e esse caráter pode sobreviver a Portugal por um ou dois anos. ..."

4 comentários:

  1. Esse Graham Greene deve ser bem interessante.

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  2. O livro é interessantíssimo, a tradução nem por isso. Mas valeu a pena comprá-lo, MR.

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  3. Creio que, relativamente a Goa, Graham Greene se enganou: o carácter especial sobrevive ainda hoje...

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  4. O meu amigo Pedro, creio que não concordaria consigo, c. a.. Claro que há a Arquitectura e Religiâo. Em culturas milenares a influência portuguesa ( e a lingua) não entrou...Veja-se Macau e, eventualmente, Goa, Damão e Diu. Ficou em África e no Brasil, resíduos em Malaca. E, com Timor, veremos...

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