Falava, às vezes, como se fosse um oráculo tenebroso. As coisas que dizia pareciam disparatadas ou soavam a charadas apocalípticas, medievais. Com boa vontade, poderiam ser acrescentadas à Bíblia, em capítulos próprios do Velho Testamento. As frases de M. P. careciam de um pensamento lógico, de uma razão objectiva e compreensível, ou de uma inteligência mais subtil do que a minha. Disse-me uma vez, muito sério: "Morrerei, algures, num futuro mês de Janeiro, entre 10 e 20." E a sua voz era tão profunda, assertiva e hipnótica que eu não fui capaz de lhe perguntar nada - calei-me, simplesmente. Mas a profecia viria a cumprir-se, anos depois, a 19 de um Janeiro frio, em que choveu muito.
Sinto a maior afinidade relativamente a esse seu amigo. Não sei até se não me identifico com ele... Só espero que os disparates que digo e escrevo nunca venham a revelar qualquer natureza profética, porque isso de adivinhar a morte é tenebroso... :-)
ResponderEliminarPS: a aguarela (ou será pastel?) é magnífica, e «casa» lindamente com o texto
ResponderEliminarSubscrevo a uma frase do primeiro comentário. :)
ResponderEliminarE aproveito para lhe deixar as melhores saudações, APS, pelo dia de ontem. Acabei de ver no Prosimetron. Parabéns!!!
Muito bonito o Pedro Chorão.
ResponderEliminarHá sempre em nós, c. a., algo de intuição mediúnica - é preciso, é atendê-la ou dar por ela. A obra (de Pedro Chorão) é acrílico sobre tela.
ResponderEliminarMuito obrigado, Miss Tolstoi!
É realmente bonito, MR, este quadro do Pedro, que integrou uma exposição que ele fez na "Saala do Veado" (Fac. Ciências), em 2008.
Obrigada, APS. Não sei porquê, associo sempre o acrílico a cores fortes e uniformes... Seja o que for, é muito bonito.
ResponderEliminarTambém eu digo que morro entre os 62 e os 64 anos.... pensando bem... quase posso começar a contar pelos dedos das mãos os anos que restam. E ainda tenho tantos livros para ler!
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