Encantámo-nos com o que vem de fora, raramente nos apercebemos da beleza que temos cá dentro. É, no fundo, o nosso lado pequenino e saloio, fruto, também, de alguma ignorância e fácil deslumbramento. Não serão muitos os exemplos de pinturas murais, antigas, em Portugal. Se, à escolha, juntarmos alguma exigência estética, o número reduz-se, quanto a mim, drasticamente. O Norte, obviamente, é mais rico em frescos. Estou a lembrar-me da igrejinha de Bravães, da de Serzedelo, da igreja de Nossa Senhora da Azinheira de Outeiro Seco, perto de Chaves. E dos frescos do "Pintor delirante" que, actualmente, se guardam no Museu Alberto Sampaio, em Guimarães (ver poste de 10/11/2010).
No Sul predomina, em qualidade evidente, o fresco do antigo Tribunal de Monsaraz, representando o bom e o mau Juiz (questão actual e pertinente), com os respectivos símbolos circundantes. Gosto muito deste fresco, confesso. Por várias circunstâncias e indícios, é possível datá-lo, com bastantes probabilidades, da última década do século XV. E, muito possivelmente, terá sido uma encomenda de D. Jaime, duque de Bragança que, após a morte de D. João II, regressou a Portugal. Infelizmente, da pintura mural, não se conhece o nome do autor. Mas, pelas imagens que reproduzo neste poste, creio ser possível avaliar a qualidade, elegância estética e profissionalismo deste Pintor desconhecido.
Uma amiga minha estudou este fesco e fez uma publicação sobre ele. Ela chama-se Cátia Mourão. Há alguns anos havia uma fotocópia de um texto dela a acompanhar a visita de quem fosse ver o fresco.
ResponderEliminarEsta pintura é uma maravilha e já não a vejo há muitos anos. Espero que esteja bem preservada. Aliás, toda a vila de Monsaraz é uma maravilha.
Gostava de conhecer os outros frescos e vê-los pessoalmente. Talvez um dia!
A publicação, Margarida, deve ser "O Fresco O Bom e o Mau Juiz dos Antigos Paços da Audiência de Monsaraz", mas nunca a vi à venda.
ResponderEliminarNão conheço e gostei bastante deste post.
ResponderEliminarHá uns anos fui a Monsaraz, mas não vi o Tribunal.
ResponderEliminarObrigado, MR. O fresco é realmente uma maravilha.
ResponderEliminarEsse fresco é magnífico! Numa rápida pesquisa, encontrei o artigo de Cátia Mourão, publicado no Boletim Cultural A Cidade de Évora, nr. 2, II Serie, 1996-1997, pp. 297-321: http://www.academia.edu/attachments/6976748/download_file
ResponderEliminarObrigado pela achega e indicação precisa.
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